"O futebol é efémero”.
Esta frase feita, tantas vezes repetida, é um dogma que, como dogma que é, já
se constata na atuação dos clubes portugueses, nomeadamente, dos chamados
grandes. Terminada a competição é hora de colocar as conquistas para trás das
costas e principiar a preparação da próxima época. Na gíria futebolística este
momento designa-se de “defeso”.
Para
além das óbvias questões sobre que jogadores contratar e quais aqueles a quem
será dada guia de marcha, o defeso debruça-se também sobre o destino de todos e
cada um dos treinadores principais. Este último tema é o tema do momento no
Estádio da Luz. Jorge Jesus, o bicampeão que já embolsou três campeonatos,
renova ou não renova? Muito se tem especulado sobre o assunto.
Há
quem avance ser a saída eminente face à indisponibilidade do técnico em reduzir
para metade a sua massa salarial; outros há que aventam a possibilidade de um
consenso que passe por uma redução salarial parcial temperada com a previsão de
mais e mais chorudos prémios por objetivos; e outros há que mais não preveem
que a desgraça.
Não
tendo poderes premonitórios, tentaremos fazer uma análise racional.
Jorge
Jesus é um treinador cheio de inteligência prática que significa que não pretende
sacrificar o sucesso desportivo apenas em prol de mais dinheiro. Dito isto
praticamente fica excluída a sua saída para clubes ricos mas competitivamente
pouco apelativos, como o Zenit, Mónaco, Tottenham ou Valência.
Os
grandes da Europa do futebol, praticamente reduzidos a Real Madrid, Barcelona,
Chelsea, os dois clubes de Manchester e, eventualmente, o PSG, à partida têm
treinador para a próxima época, salvo algum imponderável. Logo, será difícil
para Jesus conseguir uma cadeira num destes seus prediletos.
Acresce
que, parece-nos, Jesus sente-se confortável em Lisboa, onde é rei e senhor,
vive perto da família e está perfeitamente integrado. No Benfica continuará a
ter a possibilidade de disputar títulos nacionais e, eventualmente, patrocinar
boas campanhas na Europa, algo em que tem deixado a desejar.
Do
ponto de vista do Clube, Jesus tem de ser para continuar. Não só os resultados
desportivos obrigam a tanto como também – e não de somenos importância – a
alavancagem financeira que o técnico configura não pode ser ignorada. Jesus tem
produzido jogadores de qualidade em quantidade, tem feito de remendos jogadores
transferíveis e substituído os craques com os “maneis” que vai criando. Os
méritos são muitos e inegáveis.
O
“mestre da tática”, com os 4M€ que aufere anualmente, não pesa sequer 10% das
receitas que gera para o seu empregador, no mesmo período. Só por brincadeira
alguém pode dizer que é um treinador caro! Por isso, Presidente, se nos está a
ouvir, tomamos a liberdade de lhe pedir que não nos torne órfãos do nosso
“Ferguson”, o da Amadora. Ficar-lhe-emos gratos e os destinos do clube também!
E,
para quem só critica a falta de etiqueta de Jorge Jesus, relembramos que ele é
pago para treinar. E que também é capaz de fazer isto:
Saudações
Benfiquistas,
O
Damião dos Damiões
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