E foi exactamente isso que o Mágico Deco transbordou
na sua passagem pelas Antas e Dragão.
No decorrer da época 98-99, Deco foi resgatado pelo FC
Porto ao rival das amoreiras. Era apenas um miúdo franzino com 21 anos, que
acabara de ser lançado num tanque com tubarões como Zahovic, Jardel, Drulovic,
Folha, Paulinho Santos e Capucho.
Tinha notórias debilidades tácticas mas o perfume e
fluidez que dava ao jogo, fez com que pegasse rapidamente de estaca no 11
portista. Não tardou a ganhar o carinho, respeito e
admiração da massa associativa azul e branca que lhe dedicaram uma música.
"É o
nº. 10 e finta com os dois pés, é melhor que o Pelé, é o Deco allez allez".
Música essa, que muitas vezes foi acompanhada pela
justíssima vénia, como que o reconhecimento de toda uma nação ao seu Deus. Deco
foi importantíssimo na conquista de vários títulos de campeão
nacional, Taças de Portugal, Supertaças Cândido Oliveira, Taça UEFA e da
imponente Liga dos Campeões. Tendo deixado um legado bastante pesado para a
camisola 10.
Após a última vénia do estádio do Dragão ao seu Mágico (25-07-2014) foram precisos apenas 2 meses para que o estádio voltasse a recorrer ao gesto para homenagear um jogo de outro mundo, protagonizado pelo Yacine Brahimi, para a Liga dos Campeões contra o FC BATE Borisov.
Brahimi é um jogador excepcional, muito rápido,
tecnicista, imperial no 1 para 1 e com umas estatísticas fantásticas de golos e
assistências. Mas será ele o verdadeiro herdeiro da vénia? Acredito que 80% do
universo portista responderá que sim, mas como faço parte dos outros 20%, vou
tentar fundamentar a minha escolha, que recai sobre Juan Fernando
Quintero.
Quintero chegou ao FCP com apenas 20 anos, franzino e
medindo 1,69m (menos 5cm que o Deco). Foi-lhe atribuída a camisola nº.10. Nos
primeiros toques na bola com a camisola do FCP percebeu-se que estava ali um
diamante por lapidar. Mas as debilidades físicas e tácticas que este
apresentava, tornaram a sua utilização muito intermitente. Este miúdo é um
médio ofensivo, um puro nº.10. Um jogador cujas funções são "pautar o
jogo", descobrir espaços, que aparentemente não existem, fazer o último
passe com carimbo de golo. Resumindo a sua função é deliciar os adeptos
com lances de génio, sendo muitas vezes preponderante e o protagonista dos
golos e jogadas de golo da equipa.
No início da época, Julen Lopetegui também sentiu
dificuldade em encaixá-lo no seu estilo de jogo moderno. O mister abdica de
um Nº10 puro em detrimento de outro médio de transição, dando
mais músculo ao seu meio campo, sendo assim capaz de fazer a
contenção de bola e acabando por apostar na sua utilização sobre a ala
direita. Mas com as más exibições da equipa, maus resultados e escassez de
golos, o treinador portista viu-se obrigado a mudar as suas ideias e a
"libertar" o miúdo no seu recreio favorito. Essa oportunidade foi bem
aproveitada pelo Colombiano que, nestes últimos 4 jogos, fez disparar a média
de golos da equipa para o dobro.
Quintero, sozinho, ainda não resolveu um jogo, mas pôs o seu talento ao serviço
da equipa e, mais do que os golos e assistências que tem protagonizado, é a sua
alegria e magia que me fazem render ao seu génio e me levantar da cadeira para
fazer a também merecida vénia.
Cristiano Mão de Ferro do Vale.
Até já publicas artigos de opinião ahahah
ResponderEliminarEu gostava mais do zahovic mas pronto são opiniões x)