É transversal a
pouca aceitação dos portugueses a determinados dirigentes que, reconhecendo-nos como um povo com muita raça e competência, têm medo que lhes tiremos o protagonismo. É também transversal a opinião de que
a indústria do futebol é um negócio que gera milhões de interesses e milhões de
euros, o que muitas vezes deturpa a verdadeira “hierarquia” dos clubes e das
seleções.
No entanto, e
apesar destas condicionantes, considero que o casamento da UEFA com os adeptos portugueses
tem corrido bem:
- A Champions League é a maior montra de futebol dos clubes a nível mundial, a competição que todos os jogadores querem participar (tendo bastante peso na hora do jogador escolher o clube certo para jogar), que todos os adeptos querem ver. Para além disso é vital para os cofres dos clubes portugueses, indispensável para acabarem o ano com as contas no verde.
- A Liga Europa/Taça UEFA tem sido um palco muito bem aproveitado pelas equipas portuguesas, que têm espalhado a marca “clube português” como uma marca de prestígio, basta recordar aquilo que FC Porto, Benfica, Sporting, Sp. Braga e Boavista fizeram nos últimos 11 anos!
- O EURO é a segunda maior competição mundial de futebol e a passagem por Portugal foi marcante para todos os portugueses, não tenho dúvidas disso.
Podemos assim dizer
que, apesar dos altos e baixos normais em qualquer relação, este é um casamento
feliz! E para comemorar as bodas de diamante, a UEFA selecionou aqueles que
considera ser os 60 melhores golos marcados na história das competições da UEFA,
pedindo aos adeptos que escolhessem os 10 melhores de sempre! Podem fazê-lo AQUI.
De imediato se
abriu a gaveta “Futebol” na letra E: “Euro 2004”!
Tantas e tão
boas recordações desse ano: as riscas vermelho-amarelo-verde nas maçãs do
rosto, o sorriso nos lábios, os cânticos de apoio na ponta da língua, o
cachecol ao pescoço, a bandeira à janela, a seleção no coração! As multidões abriam
caminho para o autocarro da nossa seleção, os cavalos seguiam-no lado a lado,
os barcos dos pescadores trajavam as pontes portuguesas, os cartazes de apoio
colados em tudo o que era sítio… impossível não ficar arrepiado com a força do
nosso povo e a adoração àquela equipa de 2004, impossível não chorar de emoção.
E o ritual repetia-se em todos os jogos da seleção nacional. Este sim, era um
casamento perfeito!
Estávamos em 24.06.2014 e os quartos-de-final punham frente a frente Portugal e Inglaterra! O Estádio da Luz, que rebentava pelas costuras, seria o palco daquele que é para mim um dos melhores golos de sempre, pela espetacularidade do golo, pela emoção que se vivia no momento, por tudo aquilo que o jogo significou para a nossa seleção e para todos os portugueses!
Estávamos em 24.06.2014 e os quartos-de-final punham frente a frente Portugal e Inglaterra! O Estádio da Luz, que rebentava pelas costuras, seria o palco daquele que é para mim um dos melhores golos de sempre, pela espetacularidade do golo, pela emoção que se vivia no momento, por tudo aquilo que o jogo significou para a nossa seleção e para todos os portugueses!
De mãos dadas ao
som d’ “A Portuguesa” estavam os 11 magníficos: Ricardo, Miguel, Jorge Andrade,
Ricardo Carvalho e Nuno Valente, Costinha, Maniche e Deco, Figo, Ronaldo e Nuno
Gomes. Do outro lado, James, Gary Neville, John Terry, Sol Campbell e Ashley
Cole, Paul Scholes, Gerrard e Lampard, Rooney, Beckham e Owen.
Entrámos praticamente
a perder mas os adeptos nunca deixaram de acreditar na sua seleção. O tempo passava a correr e o golo tardava em aparecer, precisávamos
de qualquer coisa que mudasse o rumo do jogo. Foi então que o comandante Felipão chegou-se à
frente ao lançar Simão, Postiga e Rui Costa: em cheio! Aos 83m, Simão cruzou
para a área e Postiga empatou o jogo, obrigando os ingleses a sentirem o
inferno da Luz por mais meia hora. Era o início da reviravolta!
Eis que chegámos
ao minuto 110 da partida. Com os ingleses também à procura do golo da vitória,
Portugal dá início a um contra-ataque que seria fatal. Rui Costa recebe a bola
de Deco à entrada do meio-campo inglês e depois de a conduzir por uns bons 40 metros,
dispara em direção à baliza de James, que nada pôde fazer, a não ser acompanhar
a trajetória com os olhos! Uma autêntica bomba, que fez levantar todos os
portugueses, que os fez gritar até perderem a voz, que os fez chorar de tanta
raiva que estava acumulada: foi o descarregar de um sem número de emoções, foi
um golo enorme, um GOLO PERFEITO!
Todos nós
sabemos que a história não acabou aqui, que os ingleses ainda empatariam a
partida e que as mãos “nuas” e o pé de Ricardo, abençoados pela toalha do “King”,
nos guiariam às meias-finais!
Foi também por todas estas incidências que
o golo do nosso Maestro me tenha causado tanto impacto, ao ponto de o
considerar dos melhores golos de sempre!
É verdade que,
dias depois, os gregos nos estragaram a lua-de-mel, mas esse “pormenor” em nada
beliscou a relação que tinha sido criada entre a seleção nacional de 2004 e os
seus adeptos, indestrutível, inabalável, a transbordar de confiança, de
orgulho, de paixão, de amor. Foi um casamento perfeito!
Obrigado Rui
Costa, obrigado Portugal: uma vez amados, para sempre recordados!
A memória do
João
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