sábado, 25 de outubro de 2014

Remate da Z - Davide Neves

"É disto que o povo gosta!"

Davide Neves, "fervoroso adepto de futebol", como o próprio se define, é estudante e um dos muitos portugueses que não deixam o desporto passar ao lado. Adepto do Benfica e "um grande fã de CR7", acredita que o jogador "não é deste planeta" e que o futebol é o "desporto-rei".

Remate da Z (Z): Como descobriu o gosto pelo futebol?
Davide Neves (D): Penso que foi principalmente no Europeu de 2004. Apesar de já acompanhar ocasionalmente os jogos que davam em casa, na televisão generalista, e de apoiar o Benfica, o Europeu de 2004 foi algo que segui com atenção e a partir daí fiquei um fã enorme de futebol.




Z: O que teve de diferente, no Euro 2004, para causar esta mudança?
D: Talvez por ter sido em Portugal e a mobilização que a população teve, com as bandeiras às janelas e a adesão enorme ao futebol. Como dizia Jorge Perestrelo, "é disto que o povo gosta!"

Z: Mas então e o Benfica? Quando e porquê começou a torcer pelos encarnados?
D: Em 2002, penso eu, e por influência do meu padrinho e de um primo, que são benfiquistas de alma e coração. O Benfica é um clube que chama os seus adeptos, não pelos títulos recentemente ganhos (porque na altura em que me tornei benfiquista "ferrenho", o Benfica não vencia nada há 7 ou 8 anos), mas sim pela sua mística, pela sua paixão, glória e história.




Z: O que mais lhe chama a atenção na história do Benfica? Qual o momento preferido, aquele que o faz ter orgulho de ser benfiquista?
D: O momento que mais me chama a atenção, em todos os 110 anos da história da instituição, é sem dúvida o período áureo do clube - a década de 60, coincidente com a entrada em cena do melhor jogador da história do clube - Eusébio da Silva Ferreira. O meu momento preferido foi, porventura, o mês de maio deste ano, excetuando, claro, a final perdida da Liga Europa. Foi um momento histórico e eu orgulho-me de o poder ter festejado.

Z: Então, Eusébio é um dos seus jogadores preferidos?
D: Sim e não. Sim, pelo que ele representa, pela pessoa que foi e por ter sido um dos que honrou Portugal e o Benfica até ao fim da sua vida. Não, porque não tive oportunidade de o ver jogar, é claro!

Z: O que acha que o mundo de futebol ganhou, com a sua carreira, e perdeu, após a sua morte?
D: Ganhou e perdeu uma lenda. Um jogador que, por si só, enchia estádios, independentemente da cor futebolística das pessoas que suspiravam para o ver jogar.

Z: Então, para si, qual o melhor jogador de futebol na atualidade?
D: Cristiano Ronaldo, claramente.




Z: Qual é a principal qualidade do Ronaldo que o leva a considerá-lo o melhor jogador do mundo?
D: A sua capacidade técnico-tática. O seu poder de explosão, a sua impulsão, o drible, o passe, o remate e a capacidade de auto-superação. Um jogador forte, física e tecnicamente, com um poder de impulsão e de remate estonteante, com uma velocidade de quebrar recordes e um drible que faz chorar os deuses do Olimpo.

Z: Qual o seu jogo preferido de CR7?
D: O meu jogo favorito é o Suécia-Portugal, onde o Ronaldo marca 3 golos e carimba a passagem de Portugal para o Mundial do Brasil.




Z: Apesar de ser seu jogador preferido, acha que carrega a seleção portuguesa nas costas?
D: Pergunta um bocado difícil, pois não acho que carregue Portugal às costas a 100 %, mas sim, é peça fundamentalíssima no ataque de Portugal.

Z: Sem Ronaldo, a seleção fica "deficiente" certo? Acha que algum jogador, hoje, é capaz de o substituir se necessário?
D: Sim, sem CR7, a seleção fica deficitária. De momento não. Também é muito difícil substituir, sem algum défice de qualidade, o melhor do mundo...

Z: Tem algum golo de Ronaldo que seja o seu preferido?
D: Sim. Um golo marcado ao Futebol Clube do Porto, para a Liga dos Campeões. A 15 de Abril de 2009, um dos últimos golos que ele marcou pelo Manchester United.




Z: Fala de CR7 e do desporto em si, como algo capaz de mudar a sua rotina. Concorda que o futebol pode mover pessoas independente da idade ou do sexo?
D: Sim, é uma modalidade que puxa adeptos de várias gerações e que pode levar uma família inteira a um estádio.

Z: Seguindo esta linha, acha que o futebol (e o desporto em geral) é também um agente político? Isto é, acredita que o futebol é capaz de envolver política?
D: Sim, o futebol é um agente político, na medida em que é usado (e abusado) para dar a mostrar uma boa imagem do país. Ainda recentemente, Cristiano Ronaldo foi "usado" pelo governo português para ser embaixador do país na China.

Z: Então acredita que o futebol (e o desporto como um todo) se relaciona com a política ao ponto de gerar mobilização?
D: Nalguns países, sim. Não tanto atualmente, pois a democracia ajudou a que não houvesse tanta ligação. Mas, sim, em países menos desenvolvidos, o futebol é um meio de mobilização fantástico.

Z: Acha que o futebol português ainda tem muito o que crescer quando comparado ao futebol espanhol, por exemplo?

D: Sim, claro que sim. É impossível, a um curto prazo, a liga portuguesa poder ser sequer comparada com o top-3 europeu: liga espanhola, liga inglesa e liga alemã. E aqui o principal fator, para além da qualidade da maioria das equipas desse top-3 serem de um nível superior a 15 das equipas do nosso campeonato (excluindo Benfica, Porto e Sporting), reside no dinheiro. Este está longe de atingir os números astronómicos destas 3 ligas, seja em receitas televisivas, em merchandising ou em patrocinadores/investidores. Mas é um facto que a liga portuguesa é uma boa passagem para essas ligas. Basta ver o número de jogadores de topo que por aqui passaram. Mas isso não chega.


Ana Zayara Michelli


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