Davide Neves, "fervoroso
adepto de futebol", como o próprio se define, é estudante e um dos muitos
portugueses que não deixam o desporto passar ao lado. Adepto do Benfica e
"um grande fã de CR7", acredita que o jogador "não é deste
planeta" e que o futebol é o "desporto-rei".
Remate da Z (Z): Como descobriu
o gosto pelo futebol?
Davide Neves (D): Penso que foi principalmente no Europeu de
2004. Apesar de já acompanhar ocasionalmente os jogos que davam em casa, na
televisão generalista, e de apoiar o Benfica, o Europeu de 2004 foi algo que
segui com atenção e a partir daí fiquei um fã enorme de futebol.
Z: O que teve de diferente, no
Euro 2004, para causar esta mudança?
D: Talvez por ter sido em Portugal e a mobilização que a
população teve, com as bandeiras às janelas e a adesão enorme ao futebol. Como
dizia Jorge Perestrelo, "é disto que o povo gosta!"
Z: Mas então e o Benfica?
Quando e porquê começou a torcer pelos encarnados?
D: Em 2002, penso eu, e por influência do meu padrinho e de um
primo, que são benfiquistas de alma e coração. O Benfica é um clube que chama
os seus adeptos, não pelos títulos recentemente ganhos (porque na altura em que
me tornei benfiquista "ferrenho", o Benfica não vencia nada há 7 ou 8
anos), mas sim pela sua mística, pela sua paixão, glória e história.
Z: O que mais lhe chama a atenção
na história do Benfica? Qual o momento preferido, aquele que o faz ter orgulho de ser
benfiquista?
D: O momento que mais me chama a atenção, em todos os 110 anos
da história da instituição, é sem dúvida o período áureo do clube - a década de
60, coincidente com a entrada em cena do melhor jogador da história do clube -
Eusébio da Silva Ferreira. O meu momento preferido foi, porventura, o mês de
maio deste ano, excetuando, claro, a final perdida da Liga Europa. Foi um
momento histórico e eu orgulho-me de o poder ter festejado.
Z: Então, Eusébio
é um dos seus jogadores preferidos?
D: Sim e não. Sim, pelo que ele representa, pela pessoa que foi e
por ter sido um dos que honrou Portugal e o Benfica até ao fim da sua vida. Não,
porque não tive oportunidade de o ver jogar, é claro!
Z: O que acha que o mundo de
futebol ganhou, com a sua carreira, e perdeu, após a sua morte?
D: Ganhou e perdeu uma lenda. Um jogador que, por si só, enchia
estádios, independentemente da cor futebolística das pessoas que suspiravam
para o ver jogar.
Z: Então, para si, qual o
melhor jogador de futebol na atualidade?
Z: Qual é a principal qualidade
do Ronaldo que o leva a considerá-lo o melhor jogador do mundo?
D: A sua capacidade técnico-tática. O seu poder de explosão, a
sua impulsão, o drible, o passe, o remate e a capacidade de auto-superação. Um
jogador forte, física e tecnicamente, com um poder de impulsão e de remate
estonteante, com uma velocidade de quebrar recordes e um drible que faz chorar
os deuses do Olimpo.
Z: Qual o seu jogo preferido de
CR7?
D: O meu jogo favorito é o Suécia-Portugal, onde o Ronaldo marca
3 golos e carimba a passagem de Portugal para o Mundial do Brasil.
Z: Apesar de ser seu jogador
preferido, acha que carrega a seleção portuguesa nas costas?
D: Pergunta um bocado difícil, pois não acho que carregue
Portugal às costas a 100 %, mas sim, é peça fundamentalíssima no ataque de
Portugal.
Z: Sem Ronaldo, a seleção fica
"deficiente" certo? Acha que algum jogador, hoje, é capaz de o
substituir se necessário?
D: Sim, sem CR7, a seleção fica deficitária. De momento não. Também é muito difícil substituir, sem algum défice de qualidade, o melhor do mundo...
D: Sim, sem CR7, a seleção fica deficitária. De momento não. Também é muito difícil substituir, sem algum défice de qualidade, o melhor do mundo...
Z: Tem algum golo de Ronaldo
que seja o seu preferido?
D: Sim. Um golo marcado ao Futebol Clube do Porto, para a Liga
dos Campeões. A 15 de Abril de 2009, um dos últimos golos que ele marcou pelo
Manchester United.
Z: Fala de CR7 e do
desporto em si, como algo capaz de mudar a sua rotina. Concorda
que o futebol pode mover pessoas independente da idade ou do sexo?
D: Sim, é uma modalidade que puxa adeptos de várias gerações e
que pode levar uma família inteira a um estádio.
Z: Seguindo esta linha, acha
que o futebol (e o desporto em geral) é também um agente político? Isto é,
acredita que o futebol é capaz de envolver política?
D: Sim, o futebol é um agente político, na medida em que é usado
(e abusado) para dar a mostrar uma boa imagem do país. Ainda recentemente, Cristiano
Ronaldo foi "usado" pelo governo português para ser embaixador do
país na China.
Z: Então acredita que o
futebol (e o desporto como um todo) se relaciona com a política ao ponto de gerar mobilização?
D: Nalguns países, sim. Não tanto atualmente, pois a democracia
ajudou a que não houvesse tanta ligação. Mas, sim, em países menos
desenvolvidos, o futebol é um meio de mobilização fantástico.
Z: Acha que o futebol português
ainda tem muito o que crescer quando comparado ao futebol espanhol, por
exemplo?
D: Sim, claro que sim. É impossível, a um curto prazo, a liga
portuguesa poder ser sequer comparada com o top-3 europeu: liga espanhola, liga
inglesa e liga alemã. E aqui o principal fator, para além da qualidade da
maioria das equipas desse top-3 serem de um nível superior a 15 das equipas do
nosso campeonato (excluindo Benfica, Porto e Sporting), reside no dinheiro.
Este está longe de atingir os números astronómicos destas 3 ligas, seja em
receitas televisivas, em merchandising ou em patrocinadores/investidores. Mas é
um facto que a liga portuguesa é uma boa passagem para essas
ligas. Basta ver o número de jogadores de topo que por aqui passaram. Mas isso
não chega.
Ana Zayara Michelli
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