V de Vitória, V de Vítor Baía.
Tudo começou a 11.09.1988, tinha o miúdo 18 anos, quando foi lançado na equipa principal do FC Porto, aproveitando a lesão de Jósef Mlynarczyk (Mly) e o castigo de Zé Beto. No balneário, calçou as luvas que o seu amigo e ídolo Mly lhe tinha dado e ouviu Quinito dizer “Confio em ti… vai lá para dentro, não tenhas medo de dar frangos e desfruta”. Subiu ao relvado e cumpriu, tranquilo, sereno! Estava a cumprir um sonho, o de vestir a camisola do clube do seu coração, que vivia ainda na ressaca das vitórias europeias e mundiais de 1987.

Era o guarda-redes da moda, aquele para quem todos os miúdos
olhavam como o exemplo a seguir: talentoso, dedicado, humilde. Em 1992 viria mesmo
a bater um record que ainda hoje se mantém, esteve 1192 minutos consecutivos
sem sofrer qualquer golo, mais de 13 jogos!

Foram 2 anos difíceis. Cansado de não ter oportunidades, tinha
propostas de outros clubes europeus (como o AC Milan) mas decidiu regressar a
casa, pois precisava de retomar os níveis de confiança, de se sentir
acarinhado. E não podia ter chegado em melhor altura, pois ajudou o seu FC
Porto a comemorar o penta campeonato, estávamos em 1999 e a data foi de tal
forma especial que Baía decidiu colocar nas costas o número… 99.

O próprio Vítor Baía assumiu mesmo que a decisão de voltar
para Portugal foi uma das melhores decisões da sua carreira. E acreditamos. Apesar
de ter passado por um longo período de paragem devido a lesão em 2001, onde
esteve toda uma época sem jogar, regressou em grande e, com Mourinho, venceu a
Taça UEFA de Sevilha’03 e a Liga dos Campeões de Gelsenkirchen’04. Para ele, o
título de Sevilha foi mesmo o mais emotivo de toda a sua carreira, fruto de 15
anos em que o FC Porto esteve longe dos títulos europeus. Foi o concretizar de
um sonho de menino! A UEFA não ficou indiferente às suas prestações e
distingui-o mesmo como o melhor guarda-redes a atuar na Europa, em 2004.

Foram anos dourados a nível clubístico, mas foram também
anos angustiantes na seleção nacional, uma vez que deixou de ser convocado por
Scolari, falhando mesmo o EURO 2004, sem que lhe fosse dada qualquer
justificação. Merecia mais respeito, foram 80 as internacionalizações AA,
esteve na baliza portuguesa nos Europeus de 1996 e 2000 e no Mundial de 2002,
sempre dignificando a camisola de Portugal, de todos nós.
Em 2006, já com 36 anos e apesar de ainda ter todas as
capacidades para jogar mais uns anos, percebeu que era o momento de passar o
testemunho na baliza portista, dando a Helton todas as condições para se
afirmar no Dragão: sem pressão e com o total apoio daquele que foi um dos
melhores jogadores portugueses de sempre!
Terminou a carreira em Junho de 2007, depois de garantir o
34º título da carreira, tornando-se no jogador com mais títulos no Mundo (atualmente
esse record já foi batido por Ryan Giggs, com 36 títulos) e num dos 9
futebolistas a conquistar as três provas mais importantes a nível de clubes:
Taça das Taças (pelo Barcelona), Taça UEFA e Liga dos Campeões (ambos pelo FC
Porto)!
Uma história de sucesso do mítico 99! Vítor Baía e vitória,
sempre lado a lado!
As exibições, os títulos, a humildade, o empenho, a
superação, a dedicação e a paixão que tinha pela sua profissão perpetuaram o
seu nome no tempo!
A memória do João
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