sexta-feira, 24 de abril de 2015

Remate na Gaveta - Como é que ninguém conhece Nayim?


Há golos que marcam a carreira de um jogador e até valem títulos mas que, inexplicavelmente, passam completamente ao lado da nossa memória. Hoje, é dia de recordar um jogo e golo marcantes para Nayim, em pleno Parque dos Príncipes. Não estão a ver, pois não? Então podem e devem ver, agora!

Palco: Parque dos Príncipes (França)              
Competição: Taça das Taças, Final (10.10.1995)
Jogo: Zaragoza 2:1 Arsenal (a.p.)

Os moldes desta competição, que se extinguiu na temporada de 1998/99, geravam maiores desequilíbrios entre as equipas (face à atual Liga Europa), mas não deixava de ser a segunda mais forte a nível europeu. Arsenal, Chelsea, FC Porto, Sampdoria, Feyenoord, Auxerre e Zaragoza eram os representantes dos principais campeonatos europeus, com as equipas inglesas a apresentarem-se como as grandes candidatas ao título.

O Zaragoza deixou pelo caminho os modestos Gloria Bistrita (Roménia) e Tatran Presov (Eslováquia) nas primeiras rondas, e surpreendeu ao eliminar o Feyenoord (quartos-de-final) e o favorito Chelsea (meias-finais), garantindo com algum espanto uma vaga na final da competição. Por outro lado, o Arsenal superou o Omonia (Chipre), Brondby (Dinamarca), Auxerre e Sampdória, este último após o desempate através das grandes penalidades.

O treinador do Zaragoza era Víctor Fernández, esse mesmo, o tal que passou pelo FC Porto na temporada de 2004/05 e que conquistou a Taça Intercontinental. Treinava a equipa espanhola desde a temporada de 1991/92, altura em que se tinha estreado como técnico principal da equipa do nordeste de Espanha. No seu ano de estreia alcançou a fantástica 6ª posição, excelente feito para uma equipa que habitualmente lutava pela permanência no campeonato espanhol. Os 3 anos seguintes vieram reforçar o estatuto de uma equipa que lutava por outros pergaminhos, ao conquistar um soberbo 3º lugar em 1992/93 e a Copa del Rey na temporada de 1993/94 (dando-lhe o acesso a esta prova). O técnico espanhol estava de pedra e cal e os adeptos e jogadores confiavam nele. A equipa estava confiante.


Para a final, fez alinhar o seguinte onze: Cedrún, Fernando Cáceres, Alberto Belsué, Jesús Solana, Xavier Aguado, Nayim, Gustavo Poyet, Santiago Aragón, Juan Esnáider (mais um com passagem pelo FC Porto, desta feita na temporada de 2001/02), Miguel Pardeza e Higuera.

Do lado do Arsenal, Stewart Houston escolheu David Seaman, Lee Dixon, Winterburn, Linigham, Tony Adams, Martin Keown, Schwarz (contratado ao SL Benfica nessa época), Ray Parlour, Ian Wright, Paul Merson e John Hartson.

O jogo foi extremamente aberto, com diversas e claras oportunidades para ambas as equipas, um bom espetáculo de futebol! As duas equipas procuravam o golo e foi Esnaider quem registou primeiro o seu nome no livro dos marcadores desta final, com um excelente remate de fora de área, deixando Seaman pregado ao relvado, sem qualquer chance de defesa, isto aos 68 minutos de jogo. Esnaider acabava de fazer o seu 8º golo na competição, a apenas um de Ian Wright, adversário dessa noite. O Arsenal foi pressionando e conseguiu chegar à igualdade aos 77 minutos, golo da autoria de John Hartson, resultado com que chegámos ao final do tempo regulamentar.


O prolongamento seria mágico para os espanhóis. No último minuto do prolongamento surgiu o talento de Mohammed Alí Amar, Nayim no mundo do futebol, o tal jogador de que “ninguém” se lembra. Já todos pensavam nos penaltis, quando o médio marroquino (com dupla nacionalidade espanhola), que já tinha somado 6 anos de experiência de Barcelona a 5 de Tottenham, decidiu fazer uma autêntica loucura: tentar o chapéu a David Seaman junto à linha lateral, a uns bons 50 metros da baliza. O remate, que à partida parecia condenado ao insucesso, acabou por se traduzir num golo simplesmente genial! Parecia impossível, mas não o era. Nayim demonstrou-o com classe! O Zaragoza estava na frente graças à qualidade e confiança do médio e o Arsenal via fugir das suas mãos o troféu que, à partida, lhe parecia destinado!

A festa prolongou-se depois do apito final do árbitro por mais uns bons minutos, tendo como ponto alto o momento em que o capitão Pardeza ergueu o único troféu do Zaragoza na Europa!

Aqui podem ver os principais lances da partida e, para terminar em beleza, o momento sublime de Nayim:




Rima e é verdade, um golo de se tirar o chapéu que valeu um troféu!

Grande Nayim, grande Zaragoza!


Uma vez amados, para sempre recordados!

A memória do João

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