Há
golos que marcam a carreira de um jogador e até valem títulos mas que, inexplicavelmente,
passam completamente ao lado da nossa memória. Hoje, é dia de recordar um jogo
e golo marcantes para Nayim, em pleno Parque dos Príncipes. Não estão a ver,
pois não? Então podem e devem ver, agora!
Palco:
Parque dos Príncipes (França)
Competição:
Taça das Taças, Final (10.10.1995)
Jogo:
Zaragoza 2:1 Arsenal (a.p.)
Os
moldes desta competição, que se extinguiu na temporada de 1998/99, geravam
maiores desequilíbrios entre as equipas (face à atual Liga Europa), mas não
deixava de ser a segunda mais forte a nível europeu. Arsenal, Chelsea, FC
Porto, Sampdoria, Feyenoord, Auxerre e Zaragoza eram os representantes dos
principais campeonatos europeus, com as equipas inglesas a apresentarem-se como
as grandes candidatas ao título.
O
Zaragoza deixou pelo caminho os modestos Gloria Bistrita (Roménia) e Tatran
Presov (Eslováquia) nas primeiras rondas, e surpreendeu ao eliminar o Feyenoord
(quartos-de-final) e o favorito Chelsea (meias-finais), garantindo com algum
espanto uma vaga na final da competição. Por outro lado, o Arsenal superou o
Omonia (Chipre), Brondby (Dinamarca), Auxerre e Sampdória, este último após o
desempate através das grandes penalidades.
O
treinador do Zaragoza era Víctor Fernández, esse mesmo, o tal que passou pelo
FC Porto na temporada de 2004/05 e que conquistou a Taça Intercontinental. Treinava
a equipa espanhola desde a temporada de 1991/92, altura em que se tinha
estreado como técnico principal da equipa do nordeste de Espanha. No seu ano de
estreia alcançou a fantástica 6ª posição, excelente feito para uma equipa que
habitualmente lutava pela permanência no campeonato espanhol. Os 3 anos
seguintes vieram reforçar o estatuto de uma equipa que lutava por outros pergaminhos,
ao conquistar um soberbo 3º lugar em 1992/93 e a Copa del Rey na temporada de
1993/94 (dando-lhe o acesso a esta prova). O técnico espanhol estava de pedra e
cal e os adeptos e jogadores confiavam nele. A equipa estava confiante.
Para
a final, fez alinhar o seguinte onze: Cedrún, Fernando Cáceres, Alberto Belsué,
Jesús Solana, Xavier Aguado, Nayim, Gustavo Poyet, Santiago Aragón, Juan
Esnáider (mais um com passagem pelo FC Porto, desta feita na temporada de
2001/02), Miguel Pardeza e Higuera.
Do
lado do Arsenal, Stewart Houston escolheu David Seaman, Lee Dixon, Winterburn,
Linigham, Tony Adams, Martin Keown, Schwarz (contratado ao SL Benfica nessa época),
Ray Parlour, Ian Wright, Paul Merson e John Hartson.
O
jogo foi extremamente aberto, com diversas e claras oportunidades para ambas as
equipas, um bom espetáculo de futebol! As duas equipas procuravam o golo e foi
Esnaider quem registou primeiro o seu nome no livro dos marcadores desta final,
com um excelente remate de fora de área, deixando Seaman pregado ao relvado,
sem qualquer chance de defesa, isto aos 68 minutos de jogo. Esnaider acabava de
fazer o seu 8º golo na competição, a apenas um de Ian Wright, adversário dessa
noite. O Arsenal foi pressionando e conseguiu chegar à igualdade aos 77
minutos, golo da autoria de John Hartson, resultado com que chegámos ao final
do tempo regulamentar.
O
prolongamento seria mágico para os espanhóis. No último minuto do prolongamento
surgiu o talento de Mohammed Alí Amar, Nayim no mundo do futebol, o tal jogador de que “ninguém” se lembra. Já todos pensavam nos
penaltis, quando o médio marroquino (com dupla nacionalidade espanhola), que já
tinha somado 6 anos de experiência de Barcelona a 5 de Tottenham, decidiu fazer
uma autêntica loucura: tentar o chapéu a David Seaman junto à linha lateral, a
uns bons 50 metros da baliza. O remate, que à partida parecia condenado ao
insucesso, acabou por se traduzir num golo simplesmente genial! Parecia
impossível, mas não o era. Nayim demonstrou-o com classe! O Zaragoza estava na
frente graças à qualidade e confiança do médio e o Arsenal via fugir das suas
mãos o troféu que, à partida, lhe parecia destinado!
A
festa prolongou-se depois do apito final do árbitro por mais uns bons minutos,
tendo como ponto alto o momento em que o capitão Pardeza ergueu o único troféu
do Zaragoza na Europa!
Aqui
podem ver os principais lances da partida e, para terminar em beleza, o momento
sublime de Nayim:
Rima
e é verdade, um golo de se tirar o chapéu que valeu um troféu!
Grande
Nayim, grande Zaragoza!
Uma
vez amados, para sempre recordados!
A
memória do João
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