A
precisamente dois dias e meio de sair de Portugal, a lista mental de coisas a
fazer vai tendo cada vez menos itens, tudo se começa a apresentar arrumado,
dobrado, posto em sacos e saquinhos e pastinhas dentro da malona, da malinha e
da mochila:
-
a
bolsa grande de roupa com os vestidos de trabalho e, de lado, a roupa de praia
e andar por casa;
-
uma
das bolsas médias com as t-shirts e blusas e, nas laterais, a roupa de
desporto;
-
a
outra com as calças e as saias, bem como os artigos que as amigas pediram para
levar;
-
o
saco preto com as sandálias, o de plástico com sabrinas;
-
os
sapatos de cunha espalhados;
-
sapatilhas
de corrida;
-
moldura
da ‘vó e do João;
-
pasta
amarela e branca com os produtos de higiene;
-
os
dois SOS;
-
a
rede mosquiteira;
-
biquínis;
-
um
conjunto de lençóis e uma toalha de banho a fazer o chão da malona;
-
cintos
perdidos;
-
produto
do cabelo algures;
-
necessaire por fechar;
-
cabos
e mais cabos e carregadores;
-
bola
de voleibol vazia;
-
coisinhas
que não lembram a ninguém mas que caíram na mala...
Depois de três voos e uma noite em Singapura,
aterrarei na ilha do sol nascente, na terra do povo Maubere, no meu querido
Timor-Leste. Não vejo a hora de ser consumida pelo bafo quente e húmido mal a
porta do avião se abra, acompanhado pela agitação das palmeiras, do cheiro do
mar e da cidade, pelos olhares de felicidade dos que esperam no varandim. O
descer de cada degrau do avião fará com que o meu coração comece a disparar de
felicidade e ansiedade para passar as portas do aeroporto (só depois de passar
pelo controlo do passaporte e de agarrar a bagagem), para ver os meus amigos,
para dizer ao taxista de sempre “la precisa, maun; amiga iha kareta!” (“não
preciso, senhor; a amiga tem carro!”).
Vou embora!
Até quinta-feira, ilha do meu coração.
Até ao natal, Portugal.
SMS
* Todos os Domingos, a SMS diz que "o mundo é bué de cenas".
SMS
* Todos os Domingos, a SMS diz que "o mundo é bué de cenas".
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