sexta-feira, 15 de maio de 2015

Remate na Gaveta - A falta que faz o Zidane de 2002!


Há golos que marcam a carreira de um jogador pela espetacularidade do gesto técnico ou pela importância que o mesmo tem. Zidane, indiscutivelmente um dos melhores do mundo na arte de bem jogar futebol, certamente que nunca mais se esquecerá do que fez em Glasgow, em 2002, há 13 anos atrás... pura magia!

Palco: Hampden Park (Glasgow, Escócia)
Competição: Champions League 2001/02, Final (15.05.2002)
Jogo: Bayer Leverkusen 1:2 Real Madrid

Nesta semana vimos Álvaro Morata, jogador formado no Real Madrid, a estragar a festa aos merengues, em pleno Santiago Bernabéu, com a camisola da Juventus! Uma “traição” dupla, uma vez que tinha marcado também no jogo de Turim, que impediu a presença do clube espanhol em mais uma final europeia, eles que tinham conquistado "La Décima" na temporada anterior, na final de Lisboa.

O golo de Morata aos 57 minutos fez Carlo Ancelotti olhar para o seu banco de suplentes com o intuito de reforçar a equipa para os minutos finais da partida. Pois, quem lhe teria dado muito jeito era o Zidane de 2002, o astro francês que atualmente é diretor desportivo dos merengues. Já não terá a frescura de outros tempos, mas a sua influência no comportamento e na atitude dos restantes jogadores da equipa certamente que ainda seria decisiva. Os quase 80 mil blancos suspiravam por um momento como o de 2002, que acabou por não acontecer...


Recordando agora um pouco dessa partida de Glasgow, os onzes iniciais escolhidos por Klaus Toppmoller e Vicente del Bosque foram os seguintes:

Bayer Leverkusen: Butt, Zivkovic, Placente, Lúcio, Basturk, Ballack, Schneider, Sebescen, Ramelow, Brdaric e Neuville.
Real Madrid: César, Roberto Carlos, Helguera, Michel Salgado, Hierro, Zidane, Figo, Solari, Makélélé, Morientes e Raúl.

Duas equipas de classe mundial, ou não estivéssemos a falar do jogo da final da Champions League! O Bayer menos favorito, como é óbvio, mas que tinha deixado para trás Lyon e Fenerbahce (primeira fase de grupos), Arsenal e Juventus (segunda fase de grupos) e ainda os ingleses do Liverpool e do Man Utd na fase a eliminar. Por outro lado, o Real tinha superado o Lokomotiv, o Anderlecht, o Sparta de Praga e o FC Porto (nas duas fases de grupos, respetivamente) e ainda o Bayern de Munique e o Barcelona na fase final!

Os primeiros minutos foram emotivos. Aos 8 minutos Roberto Carlos isolou Raúl com um lançamento lateral na linha do meio-campo (!!!) e o avançado espanhol abriu o marcador. O remate foi de ângulo e grau de execução difíceis mas Butt tinha as luvas furadas e ajudou à festa. Cinco minutos volvidos, o empate, restabelecido após cabeceamento do brasileiro Lúcio, na sequência de um livre lateral. O jogo prometia…

Estávamos no último minuto da primeira parte quando a magia de Zidane apareceu. Roberto Carlos, servido por Solari numa jogada de insistência pela esquerda, cruzou em balão para a grande área e o génio francês, de primeira, num gesto técnico simplesmente perfeito, com o seu pior pé (se bem que Zidane parecia ter dois pés direitos), fez o que quase todos julgaram ser impossível! Um golão do outro mundo, na gaveta, na final da Champions League, de levantar todo o estádio!



O então “puto” Casillas, com 20 anos, ainda viria a entrar na partida para o lugar do lesionado César, a tempo de ser um dos heróis da partida, evitando o golo dos alemães por diversas vezes. Mas quando o apito final soou, todos perceberam a importância de Zidane e do seu golo, fenomenal, para o levantar de mais um troféu da Champions League, o nono! Coube a Hierro erguê-lo perante os milhares de adeptos madrilenos!

Hoje, Zidane começa a ser apontado como um dos sucessores de Ancelotti no comando técnico do Real Madrid. Todos esperam que consiga transmitir toda a sua qualidade, técnica, visão de jogo e experiência aos jogadores blancos. Eu preferia vê-lo nos relvados, mas isso parece-me que já não venha a ser possível, infelizmente.

Já passaram 13 anos desde que vi em direto esta maravilha, mas tenho a certeza que podem vir muitos mais anos pela frente que jamais esquecerei esta obra-prima do mestre francês.

Obrigado Zidane!

Uma vez amado, para sempre recordado!

A memória do João

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