sexta-feira, 8 de maio de 2015

Remate na Gaveta - Saudades do Jamor auri-negro!


Na semana em que voltaram a ser notícia os salários em atraso no SC Beira-Mar e o consequente pré-aviso de greve dos jogadores aveirenses, decidimos recordar um pouco a importância que este clube tem no futebol português, pelo que representa, pelo seu historial e, especialmente, por tudo aquilo que alcançou sob o comando de António Sousa!


O SC Beira-Mar foi fundado no último dia do ano de 1922. Clube maior do distrito de Aveiro, tem apostado nas mais diversas modalidades, mas foi sempre o futebol a alma do clube. Em 92 anos de existência, o clube conta com 27 presenças na primeira divisão portuguesa, 16 das quais nos últimos 25 anos, o que diz muito da importância e preponderância que o clube tem tido ultimamente no panorama do futebol português.

Foram vários os títulos oficiais conquistados por este clube, 16 no total. Desses 16, 15 são representativos das conquistas nos mais diversos escalões secundários (dois títulos na II Liga) e o outro… bem, o outro é de uma importância enorme: a Taça de Portugal, conquistada na temporada de 1998/99, frente ao Campomaiorense! Momento único na vida deste clube, inesquecível!

A equipa era treinada pelo inconfundível António Sousa. Natural de S. João Madeira, António Sousa construiu uma bela carreira como jogador de futebol, recheada de títulos (9), todos eles ao serviço do FC Porto, destacando-se a tripleta internacional de 87: Liga dos Campeões, Supertaça Europeia e Taça Intercontinental. Contou ainda com passagens pelo Sporting CP, Gil Vicente, Ovarense e… SC Beira-Mar, vestindo a camisola aveirense durante 8 temporadas, no período de 75-79 e de 89-93.


A ligação aos auri-negros como jogador proporcionou o seu regresso, como treinador! E a relação foi perfeita! Foram 7 anos, entre 1997 e 2004, tendo como ponto alto a passagem inédita e vitoriosa pelo Jamor!

No entanto, na equipa aveirense, António não era o único elemento da sua família que fazia a diferença: Ricardo, seu filho, era “apenas” o melhor jogador da equipa. Dono de um pé esquerdo primoroso, Ricardo Sousa era o maestro, o elemento-chave na manobra ofensiva da equipa, a par do guarda-redes francês Palatsi e do avançado senegalês Fary era o responsável pelo sucesso de todo este projeto liderado pelo seu pai. Foi ele o autor do único e saudoso golo (marcado quando a equipa jogava com menos um jogador), que permitiu que o Jamor se pintasse de amarelo e negro na hora de levantar o troféu! Simplesmente memorável tudo aquilo que esta equipa conseguiu alcançar!



É pois, com imensa tristeza, que vejo a forma como o clube tem decaído nos últimos anos, fruto dos recorrentes atos de má gestão. Decisões questionáveis do ponto de vista financeiro que fizeram com que o clube chegasse a um beco sem saída e perdesse a maior parte dos seus ativos: os pavilhões e as piscinas foram vendidos e o estádio pertence ao Município de Aveiro.

Em 2011, o iraniano Majid Pishyar (CEO da 32Group) adquiriu 85% das ações do clube, numa tentativa de revitalização e recuperação financeira da instituição, o que não veio a acontecer, proporcionando a posterior venda ao grupo italiano Pieralisi. A ausência de soluções levou a que o clube fosse mesmo obrigado a apresentar, por duas vezes, um Plano Especial de Revitalização, levando à saída de diversos jogadores e colaboradores do clube.

O futuro do SC Beira-Mar não é promissor. Os jogadores, que sempre suaram a camisola, que sempre superaram as adversidades, parecem não aguentar mais a situação precária a que chegaram, fruto dos vários salários em atraso, e têm avançado com pré-avisos de greve e ameaçam mesmo com a não comparência aos próximos jogos da equipa, atualmente na II Liga portuguesa. São momentos difíceis por que todos têm passado, partindo o coração de todos os sócios e simpatizantes deste clube com grande tradição no futebol português.


Não será fácil, mas acredito num futuro melhor, num Jamor auri-negro!

Obrigado por tudo, SC Beira-Mar! Obrigado Sousa, pai e filho, pela paixão e dedicação a este grande clube!

Uma vez amados, para sempre recordados!

A memória do João

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