Gosto
muito de futebol mas ainda mais de competição. Acredito que a competição é
indispensável à evolução. O sucesso será tão maior quanto mais feroz for a
competição que quem o almeja tenha de enfrentar. O primor dela resulta.
Tenho-o
como um princípio de vida transversal, aplicável em âmbitos tão díspares como
os negócios, o exercício físico ou o futebol.
Esta época futebolística – infelizmente como muitas dezenas de outras antes dela -, tem sido pródiga em revelar factos que constituem autênticos head shots na competitividade e, por conseguinte, na competição e futuro do futebol português.
Para
além dos inúmeros cartões cirurgicamente mostrados a jogadores de equipas cujo
jogo seguinte invariavelmente era contra um dos grandes ou, no limite, contra um dos incómodos capazes de roubar pontos na discussão do título (Braga,
Vitória de Guimarães, Nacional a jogar em casa, etc.), somam-se os silenciosos
mas estridentes “impedimentos” dos jogadores emprestados, quando em jogos
contra o clube proprietário dos respetivos passes.
Não
adianta “clubificar” a questão. A título de exemplo, entre muitos outros, estão
frescos na memória os casos de Deyerson e Miguel Rosa (Belenenses/Benfica) e de
Kayembe (Arouca/FC Porto).
Bem
sei que o nosso futebol tem idiossincrasias e vícios sedimentados ao longo de
décadas, de tal forma que há quem os eleve a costume, ignorando que este é uma
fonte de direito. Esta tem de ser a ideia a abater.
Regulamente-se
de uma vez por todas a situação. Paremos de vez de brincar com os adeptos e com
a verdade desportiva. Mas, sobretudo, paremos de permitir que pessoas com
receio de competir nos privem do sonho de um dia termos um futebol português
proporcionalmente comparável à Liga Inglesa ou à Espanhola, que tanto admiramos.
Enquanto
as distorções na concorrência se mantiverem, o futebol nacional continuará a
mirrar qualitativamente e economicamente.
Os
clubes grandes precisam de adversários fortes que os façam melhorar. Ao
subtrair-lhes as suas mais-valias nos jogos de confronto direto, os dirigentes
assumem temor em competir, terror de evoluir e preguiça em trabalhar.
No
que toca ao Benfica, o meu clube, desejo que se pare com estas jogadas de
bastidores, que se permitam que os jogadores emprestados joguem contra nós. Temos
de nos afirmar positivamente, sem medo de competir contra ninguém. Não há
vergonha em perder contra um adversário melhor. Há dias assim e competidores
assim!
Vergonha,
emprestando à questão a minha própria personalidade, é não tentar, não
competir, não ir à luta sem deixar tudo o que temos. A vida, tal como o
futebol, tem tendência a sorrir àqueles que ousam desafiar a rotina e o solo
seguro.
Enfraquecer
indiretamente a concorrência não é solução, é sim vender a identidade e cultura
do Benfica, um clube forjado na adversidade, que faz do orgulho e amor-próprio
bandeira e que desde 1904 vem afirmando o mérito.
Saibamos
honrar o passado, o presente e, sobretudo, o futuro.
Saudações
Benfiquistas,
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