terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Remate na Gaveta - O 13 de Maio de Aguero


Esta semana vamos visitar o melhor campeonato do mundo e revisitar momentos ainda frescos na nossa memória, o jogo que deu o título ao Man City na temporada de 2011/12, pondo termo a um longo período de jejum de 44 anos dos citizens! Vale a pena recordar como tudo aconteceu nesse dia, 13 de Maio…

Palco: Etihad (Estádio do Man City)
Competição: Premier League 2011/12, Jornada 38 (13.05.2012)
Jogo: Man City 3:2 QPR

Por norma, não gosto de apoiar os clubes comprados por bilionários, sejam eles da Tailândia, Marrocos ou Emirados Árabes Unidos. Apesar de legal, a concorrência não é leal, o dinheiro disponível para contratações e salários não apareceu fruto do crescimento normal do clube, é injusto para quem tenta chegar ao sucesso com base naquilo que já tinha, naquilo que conquistou no passado! É quase como jogar Monopólio e ter o Banco como meu aliado…

No entanto, outra parte de mim não consegue ficar indiferente ao facto de uma outra equipa poder entrar na disputa pelos títulos, de aumentar a competitividade do campeonato inglês,  o melhor campeonato do mundo! Aconteceu o mesmo quando o Chelsea de José Mourinho começou a contrariar a tendência secante de Man Utd e Arsenal irem conquistando os títulos à vez nos 10 anos anteriores. A quebra de uma hegemonia traz outra visibilidade e imprevisibilidade a qualquer campeonato, daí não me ter importado muito com a forma como os citizens foram capazes de comprar Kompany, Lescott, Clichy, Kolarov, Gareth Barry, Nasri, David Silva, Yaya Touré, Dzeko, Balotelli, Carlos Tevez ou Kun Aguero! A armada de Mancini era mesmo impressionante, mas a simples possibilidade de poderem vir a tirar esta fotografia,  44 anos depois, convenceu-me!


O campeonato resumiu-se a uma luta pelo título entre os dois rivais de Manchester e uma luta a quatro (Arsenal, Chelsea e os surpreendentes Tottenham e Newcastle) pelos restantes lugares de acesso às competições europeias. O equilíbrio foi a nota dominante deste campeonato! Certamente hoje poderíamos estar a falar do duelo da 9ª jornada que terminou com um chocante Man Utd 1:6 Man City (maior resultado de sempre entre as duas equipas!) e que deu, na altura, 5 pontos de avanço à equipa de Mancini, do Man Utd 4:4 Everton (a 4 jornadas do final) que permitiu ao City recuperar parte dos 5 pontos que já levava de atraso ou ainda do segundo confronto entre os red devils e os citizens que deu nova vitória para Kompany & Companhia e a liderança na prova a apenas 2 jornadas do final! Mas não...

Não, porque este campeonato, depois de algumas trocas na liderança e de parecer ter ficado resolvido com esse segundo derby de Manchester, ainda seria fértil em emoções fortes, perigosas para qualquer doente cardíaco!

Última jornada: o Etihad a rebentar pelas costuras para assistir à mais que provável vitória frente ao QPR (que ainda lutava pela manutenção), a chave para o tão desejado título nacional! Em Sunderland, os adeptos da equipa de Sir Alex Ferguson dividiam os sentidos, olhos no relvado à procura da necessária vitória, ouvidos no rádio na esperança do relato lhes trazer a tão desejada perda de pontos de Mancini!


As contas, simples de fazer, pareciam mais que feitas, quando Zabaleta adiantou o City no marcador aos 39 minutos! Ao intervalo tudo parecia estar a correr dentro da normalidade no Etihad, do outro lado também Rooney tinha adiantado a sua equipa no marcador, nenhuma surpresa de última hora. Até que começou a segunda parte…

Yaya Touré não tinha regressado dos balneários, lesionado, e Lescott, talvez apoderado pela pressão do momento, teve uma falha terrível, permitindo que Djibril Cissé empatasse a partida aos 48 minutos! Surpresa! As esperanças de conquistar o título ainda estavam de pé e aumentaram quando o capitão Joey Barton foi expulso aos 55 minutos após agressão a Tevez. Com mais um em campo, parecia ser tempo mais do que suficiente para garantir o golo da vitória!


Mas os “deuses do futebol” pareciam ainda não estar saciados com a dose de drama na partida e decidiram acrescentar mais uma pitada aos 66 minutos, quando Armand Traoré cruzou para o cabeceamento triunfal de Jamie Mackie, 1:2 no marcador! O QPR tinha feito 3 remates à baliza, 2 golos, davam a volta ao marcador com apenas 10 jogadores em campo! Cruel, demasiado cruel para um City sempre em cima do jogo, com percentagens de posse de bola astronómicas, com excessivas oportunidades de golo desperdiçadas e que tentava a todo o custo tirar a cabeça da Lua, assentar os pés no chão e ganhar o maldito jogo!


O desespero dos jogadores era evidente, a desilusão parecia querer manchar o azul-bebé do rosto dos adeptos dos citizens! Incrível como a equipa, 44 anos depois, estava a desperdiçar esta oportunidade de ouro de voltar a conquistar o título nacional ao não vencer o QPR em casa!

Mancini arriscou tudo, Balotelli e Dzeko já tinham entrado em campo para operar o milagre azul! O técnico italiano “já não acreditava no título a 5 minutos do final”, mas os jogadores sim! Quando Dzeko cabeceou para o golo aos 91 minutos (ao 17º canto para o City!), os adeptos saltaram de alegria e sentiram no corpo a injeção de adrenalina para os 4 minutos finais da partida mais louca a que tinham assistido! Era possível, 4 minutos era muito pouco tempo, mas sim, era possível! O Etihad puxava pela equipa enquanto os rivais de Manchester ouviam o relato dos minutos finais da partida, uma vez que a partida do Man Utd já tinha terminado, valendo o golo solitário de Rooney na primeira parte.



Até que aos 94 minutos, Aguero (quem mais?) vem buscar jogo, combina com Balotelli, engana a defesa contrária e fuzila a baliza de Paddy Kenny! Simplesmente genial! O Man City conquistava o terceiro título da sua história! A 13 de Maio, um verdadeiro milagre no Etihad!



Um jogo de loucos, momentos espetaculares que eu e todos os adeptos do futebol jamais esquecerão…




Obrigado Aguero, obrigado Man City. Uma vez amados, para sempre recordados!

A memória do João

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