quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Mística do Dragão - Mustang Q7

Q7, Mustang, Harry Potter. Estas são algumas das alcunhas que os adeptos portistas carinhosamente atribuem ao elemento que, a par de Helton, têm mais anos de casa.

Estamos a falar, obviamente, de Ricardo Quaresma!

Extremo portista, que após ter sido formado no Sporting e ter brilhado na sua época de estreia pelas mãos do Sr. László Boloni, partiu para Espanha para o poderoso Barcelona de Frank Rijkaard.


No seu jogo de estreia pelo Barça, Q7 viveu um sonho ao apontar um dos 2 golos e caiu rapidamente nas boas graças dos adeptos. Contudo, não conseguiu agradar de igual forma o treinador holandês, que o “acusou” de ser um jovem imaturo e individualista. No seguimento de uma época em que raramente foi utilizado, a então jovem promessa decidiu relançar a sua carreira noutro colosso europeu. Após o EURO 2004, em que não foi convocado, Ricardo Quaresma chegou a acordo com o FC Porto e acertou os detalhes de uma das transferências mais polémicas da década passada. 


Com fintas soberbas e usando a famosa "trivela" como arma principal, quer para assistir quer para marcar golos, Q7 conquistou rapidamente o coração dos adeptos. Viveu nas épocas seguintes, com o emblema do FCP ao peito, os "anos áureos" da sua carreira, ganhando tudo o que havia para ganhar a nível interno e juntando uma Taça Intercontinental ao seu currículo.

No verão de 2008 e no auge da sua carreira, Quaresma decide arriscar uma vez mais a sua afirmação mundial, transferindo-se para o Inter de Milão, orientado por José Mourinho. Embora tenha enriquecido o seu CV com títulos como o de campeão da série A, copa italiana e uma Liga dos Campeões, revelou notórias dificuldades de adaptação ao futebol italiano e nunca conseguiu justificar o porquê de tão avultada transferência.

Quaresma jogou ainda, pelo Chelsea, Besiktas e Al-Ahli. Apesar de ter sido comparado a um Deus do futebol pelos adeptos turcos, uma lesão travou a sua afirmação e obrigou-o a transferir-se para o clube árabe. Pensava-se então que o Mustang entrara na sua fase descendente. Até que, sem ninguém o prever, aos 30 anos de idade, Ricardo assina pelo clube pelo qual tinha feito juras de amor. O FC Porto de Paulo Fonseca estava desesperado por soluções nas alas, e viu em Quaresma o jogador ideal para aumentar o poder de fogo. Apesar de coletivamente a época ter sido má, individualmente as coisas não poderiam ter saído melhor tendo sido, em 6 meses, um dos melhores marcadores da equipa e o rei das assistências. Estava confirmado o renascimento do Harry Potter azul e branco.

Após uma revolução orientada por Julen Lopetegui chegaram reforços como Brahimi, Tello e Adrián Lopéz. De imediato o “mister” se deparou com um dilema: se, por um lado, o estilo de jogo de Q7 não era o mais apreciado pelo espanhol, por outro, ele sabia que precisava do extremo para ganhar o balneário portista, dado o peso que ele já tinha na equipa. Estávamos no início da presente época e Quaresma viu-lhe ter sido atribuída a titularidade e a braçadeira de capitão.

Corria tudo "às mil maravilhas" até que a famosa rotatividade levou Quaresma para o banco e mesmo para a bancada. Como todos sabemos, Q7 não é um jogador de temperamento fácil nem tem "estômago" para aguentar ser suplente. E quando todos já apontavam para mais um declínio  da sua carreira, este não virou as costas à luta. Trabalhou e fez por merecer minutos, os quais foram justamente concedidos num jogo complicado da Liga dos Campeões, perante o Athletic Bilbau no Dragão. Aos 60 minutos, o FC Porto estava empatado 1-1 e não foram necessários mais do que 5 minutos em campo para que voltássemos a ver o Mustang a espalhar magia e a libertar toda a tensão que tinha vivido no mês anterior.

Ricardo Quaresma ganhou outra vez espaço nas contas do 11 portista. Como um adepto portista e fã das qualidades deste mago, fico a aguardar que este seja o ponto de viragem para um Futebol Clube do Porto mais unido e mais forte, nesta luta pelo "Resgate".

Cristiano Mão de Ferro do Vale.