sábado, 22 de novembro de 2014

Remate da Z - José Raimundo (Parte II)

José Raimundo Michelli Coelho, brasileiro, conta-nos como a sua infância foi diferente da maioria das pessoas. Zé Raimundo, como também é conhecido, teve a infância e juventude marcadas pelo futebol, pois foi jogador de futebol nas categorias de base de um dos maiores clubes brasileiros e que hoje está a competir o Campeonato Brasileiro na 1ª divisão, o Esporte Clube Bahia.



(Parte II)

Z: Quais foram as melhores e piores situações que enfrentou enquanto jogador?
J: As melhores foram viajar para o Rio de Janeiro e São Paulo para disputar os torneios.
A pior foi no Rio de Janeiro, quando Newton Motta, diretor de desporto amador na época, me chamou no restaurante e me disse que eu seria o titular no próximo jogo, mas quando chegou a hora, o técnico entregou a camisa para outro jogador. Deixou-me bastante magoado. O treinador não explicou a mudança repentina, nem o diretor nem eu gostamos da atitude, mas depois entrei no jogo e fiz o passe que resultou no golo. Nós empatámos, mas fomos desclassificados.

Z: Teve algum jogo durante a sua carreira que o pode definir como especial?
J: Sim. A decisão do baiano juvenil contra o Botafogo de Alagoinhas. Foi um jogo difícil, muito truncado e eu tive a felicidade de criar a jogada do único golo da partida que nos levou à vitória do campeonato.



Z: Sendo alguém que passou pela experiência de estar na base de um clube de futebol e olhando a situação dos grandes clubes hoje, acha que falta um investimento do futebol brasileiro nas camadas mais jovens?
J: Sim. Exemplo disso foram os comentários feitos durante e após o grande resultado da Alemanha sobre o Brasil, na Copa do Mundo. Precisamos ter planeamento e ensino fundamental para os atletas que estão começando a carreira, os dirigentes brasileiros acham que é somente jogar a bola no campo e dizer: corra e faça o golo, mas não é assim que acontece. Tem que ensinar os fundamentos: como correr, como chutar, se posicionar, cabecear, pensar sem a bola, buscar espaços, criar espaços, por exemplo. As escolas têm que contribuir com os estudos de qualidade, os governos devem investir na educação e tem que ter disciplina.

Z: O investimento que havia na época que jogou é maior, menor ou não mudou muito em relação ao que há hoje?
J: Era menor. Hoje os clubes estão mais estruturados, há a presença de grandes patrocinadores, mas mesmo assim não há vagas para muitos.

Z: Jogar futebol profissionalmente durante a infância e juventude foi fundamental para você? Há um José Raimundo antes e depois de ser jogador de futebol?
J: Sim. Eu acho que não seria diferente, talvez eu fosse famoso ou não, mas eu consigo e posso dizer, ainda hoje, que tenho grandes amizades graças ao futebol. Foi uma época de bons amigos e bons jogadores e isso eu agradeço à Deus.
O futebol agregou valor à minha personalidade, conhecendo pessoas diferentes, momentos difíceis, as viagens para fora do estado, alegrias e tristezas.

Z: Hoje você torce pelo Bahia, já torcia pelo clube antes de fazer parte dele?
J: Sim. Minha família já torcia para o Bahia, meu padrinho tinha uma coleção de camisas da equipa, apanhei uma emprestado para jogar futebol na rua e nunca mais devolvi. Então, um dia, meu tio me levou para assistir o jogo Bahia x Redenção pelo campeonato baiano e o Bahia venceu 9 x 1, aí começou. Para quem eu torço até hoje? BAHIA! Somos os melhores, mesmo se cairmos para a 2ª divisão do campeonato brasileiro.

Z: Na época de jogador de futebol, você tinha um jogador que dizia ser sua inspiração?
J: Sim. O jogador conhecido como Bobô, Raimundo Nonato Tavares da Silva, mesmo ainda jogando no clube Catuense, mas chegou a fazer parte da equipa do Bahia que foi campeã do Campeonato Brasileiro em 1988.


Z: E hoje, tem algum jogador que considere dos melhores do mundo?
J: Precisa responder? Messi! Claro que temos Cristiano Ronaldo, o jogador em melhor forma hoje, Robin Van Persie que, para mim, foi o melhor jogador da última Copa do Mundo, mas Messi é o mais completo já há algum tempo.


Z: Nos dias de hoje, faz algum exercício ou joga futebol?
J: Sim. Não tantas vezes quanto gostava porque não moro mais em Salvador, na Bahia. Lá, com certeza estaria jogando quatro vezes por semana, aqui em Paragominas, no Pará, jogo às vezes uma vez por semana.



Muito obrigada pela amabilidade e disponibilidade, José!

Ana Zayara Michelli