José Raimundo Michelli
Coelho, brasileiro, conta-nos como a sua infância foi diferente da maioria das
pessoas. Zé Raimundo, como também é conhecido, teve a infância e juventude
marcadas pelo futebol, pois foi jogador de futebol nas categorias de base de um
dos maiores clubes brasileiros e que hoje está a competir o Campeonato
Brasileiro na 1ª divisão, o Esporte Clube Bahia.
(Parte II)
Z: Quais foram as melhores e piores situações que enfrentou
enquanto jogador?
J: As
melhores foram viajar para o Rio de Janeiro e São Paulo para disputar os
torneios.
A pior foi no Rio de Janeiro, quando Newton Motta, diretor de desporto amador na época, me chamou no restaurante e me disse que eu seria o titular no próximo jogo, mas quando chegou a hora, o técnico entregou a camisa para outro jogador. Deixou-me bastante magoado. O treinador não explicou a mudança repentina, nem o diretor nem eu gostamos da atitude, mas depois entrei no jogo e fiz o passe que resultou no golo. Nós empatámos, mas fomos desclassificados.
A pior foi no Rio de Janeiro, quando Newton Motta, diretor de desporto amador na época, me chamou no restaurante e me disse que eu seria o titular no próximo jogo, mas quando chegou a hora, o técnico entregou a camisa para outro jogador. Deixou-me bastante magoado. O treinador não explicou a mudança repentina, nem o diretor nem eu gostamos da atitude, mas depois entrei no jogo e fiz o passe que resultou no golo. Nós empatámos, mas fomos desclassificados.
Z: Teve algum
jogo durante a sua carreira que o pode definir como especial?
J:
Sim. A decisão do baiano juvenil contra o Botafogo de Alagoinhas. Foi um jogo
difícil, muito truncado e eu tive a felicidade de criar a jogada do único golo
da partida que nos levou à vitória do campeonato.
Z: Sendo alguém
que passou pela experiência de estar na base de um clube de futebol e olhando a
situação dos grandes clubes hoje, acha que falta um investimento do futebol
brasileiro nas camadas mais jovens?
J: Sim. Exemplo disso foram os comentários
feitos durante e após o grande resultado da Alemanha sobre o Brasil, na Copa do
Mundo. Precisamos ter planeamento e ensino
fundamental para os atletas que estão começando a carreira, os
dirigentes brasileiros acham que é somente jogar a bola no campo e dizer: corra
e faça o golo, mas não é assim que acontece. Tem que ensinar os fundamentos:
como correr, como chutar, se posicionar, cabecear, pensar sem a bola, buscar
espaços, criar espaços, por exemplo. As escolas têm que contribuir com os
estudos de qualidade, os governos devem investir na educação e tem que ter
disciplina.
Z: O investimento que
havia na época que jogou é maior, menor ou não mudou muito em relação ao que há
hoje?
J: Era menor.
Hoje os clubes estão mais estruturados, há a presença de grandes patrocinadores,
mas mesmo assim não há vagas para muitos.
Z: Jogar futebol
profissionalmente durante a infância e juventude foi fundamental para você? Há
um José Raimundo antes e depois de ser jogador de futebol?
J: Sim. Eu
acho que não seria diferente, talvez eu fosse famoso ou não, mas eu consigo e
posso dizer, ainda hoje, que tenho grandes amizades graças ao futebol. Foi uma
época de bons amigos e bons jogadores e isso eu agradeço à Deus.
O futebol agregou
valor à minha personalidade, conhecendo pessoas diferentes, momentos difíceis,
as viagens para fora do estado, alegrias e tristezas.
Z: Hoje você torce pelo Bahia,
já torcia pelo clube antes de fazer parte dele?
J: Sim. Minha família já torcia para o Bahia, meu padrinho
tinha uma coleção de camisas da equipa, apanhei uma emprestado para jogar
futebol na rua e nunca mais devolvi. Então, um dia, meu tio me levou para
assistir o jogo Bahia x Redenção pelo campeonato baiano e o Bahia venceu 9 x 1,
aí começou. Para quem eu torço até hoje? BAHIA! Somos
os melhores, mesmo se cairmos para a 2ª divisão do campeonato brasileiro.
Z: Na época de jogador
de futebol, você tinha um jogador que dizia ser sua inspiração?
J:
Sim. O jogador conhecido como Bobô, Raimundo Nonato Tavares da Silva, mesmo
ainda jogando no clube Catuense, mas chegou a fazer parte da equipa do Bahia
que foi campeã do Campeonato Brasileiro em 1988.
Z: E hoje, tem algum jogador que
considere dos melhores do mundo?
J: Precisa
responder? Messi! Claro que temos Cristiano Ronaldo, o jogador em melhor forma
hoje, Robin Van Persie que, para mim, foi o melhor jogador da última Copa do
Mundo, mas Messi é o mais completo já há algum tempo.
Z: Nos
dias de hoje, faz algum exercício ou joga futebol?
J: Sim. Não tantas vezes quanto gostava
porque não moro mais em Salvador, na Bahia. Lá, com certeza estaria jogando
quatro vezes por semana, aqui em Paragominas, no Pará, jogo às vezes uma vez
por semana.
Muito obrigada pela amabilidade e disponibilidade, José!
Ana Zayara Michelli