domingo, 23 de novembro de 2014

Remate ao lado - Esta gente…

Uma população simpática, acolhedora mas conhecida pelos que partilham a raça lusitana como uma gente que «ferve em pouca água»e «sem papas na língua».

A verdade é que os tão conhecidos «tugas» são de ideias fixas, de conceitos programados e qualquer ato que transponha a linha que limita a sua realidade é alvo de críticas verbais concluídas ou iniciadas pela expressão «Esta gente…».

Mas quem será essa tal gente, afinal? Talvez haja uma razão para a tão conhecida expressão «o silêncio é ouro» porque na realidade, sabemos mais da personalidade de quem fala dos outros, do que do próprio alvo de comentários.

Nos últimos tempos observei esta tão corriqueira expressão a ser irrefletidamente expelida da boca de taxistas que intitulam raças de «gente farrusca», idosos que caracterizam jovens de «gente estúpida da noite», jovens impacientes nas filas de espera a criticar a prioridade a «gente com mania que só por ser deficiente (…)», entre muitas outras que se as referisse aqui poderiam incomodar, ou talvez não, porque desta gente todos nós conhecemos, aliás fazemos parte e construímo-la. 



O propósito inicial destas crónicas era precisamente analisar o quão fortes as palavras são quando bem direcionadas, principalmente aquelas que já foram outrora formuladas e que por não nos exigirem esforço mental deslizam a uma velocidade exponencial para a nossa boca baleando o dia a dia de alguém. Também é um facto que nem tudo o que «essa gente» diz afeta, fomos aprendendo a calejar. 

Se calhar, o povo Português tem de reduzir na afirmação afincada das suas convicções como sinónimo de fibra, de personalidade. Precisa de olhar para outras gentes, e entender que há coisas que nunca voltam atrás como uma flecha lançada, uma palavra pronunciada e a oportunidade perdida – proverbio chinês. 

BM