domingo, 16 de novembro de 2014

Remate ao Lado - «Amo-te sua Vaca»

A cosmovisão ganhou terreno na atualidade graças ao surto epidémico das redes sociais!

Em especial destaque encontra-se o tão conhecido Facebook. Ao contrário de inúmeros logotipos, este, não engana e ao conversar com indivíduos que se afirmam inseridos no mundo dos pragmáticos esta - maravilhosa para uns, e terrível para outros- aplicação na internet alimenta-se do fracasso das pessoas relativamente à possibilidade de concretizarem um fácil, rápido - e por vezes bem eficaz, se nos entendemos bem… - marketing pessoal.

No entanto, também gestos românticos, amorosos, cómicos se manifestam pelas milhentas páginas que se atualizam ao segundo. Um desses momentos de partilha sentimental agarrou a minha atenção. Tratava-se de uma imagem de duas amigas nos seus “loucos anos 20” e tal como as flopper, também estas revelavam exagero em passeios noturnos e nos seus cigarros – que em antítese à hipálage de Fernando Pessoa não pareciam ser pensativos. Para minha surpresa, no final da fotografia a descrição era “Amo-te sua Vaca”.

Comecei a tentar desvendar o porque deste tratamento tão acre perante uma foto que obviamente revelava amizade, cumplicidade e indiscutíveis interesses mútuos. Até que recentemente, em viagem gastronómica, aprendi que em certas zonas de Coimbra, mais concretamente numa pequena terra chamada Penacova quando se tem um baralho sortudo no jogo da Sueca diz-se que esse jogador em particular tem “uma vaca”. Como se pode calcular, toda essa explicação me arrastou para a fotografia de que falo e elucidou-me de uma maneira que não tinha antes abordado.

A verdade é que um amigo é isso mesmo, essa tal “vaca”, ou pelo menos deveria ser considerado uma sorte tremenda no nosso baralho! O amigo é grande parte das vezes um dos nossos maiores trunfos, um ás em tornar o dia mais feliz, ah claro, e o responsável por ensinar o momento certo a exercer a nossa poker face. 

Afinal uma imagem sempre vale mais que mil palavras – e tão bem sabemos o quão difícil é encontrar quem se saiba exprimir corretamente. Apesar de tudo, como defensora que sou de que os maiores clichés e ‘podres’ da nossa sociedade têm algum fundamento extraordinariamente lógico não pude deixar de procurar obter respostas. Curiosamente, foi num jogo de mudos.


BM