sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

O Bigode do Veloso - Contra os mercados, formar, formar!


Ponto prévio: estou, como certamente estará a maioria dos benfiquistas, desiludido com a recente venda de Bernardo Silva, ao Mónaco. O clube vê partir um dos seus mais qualificados e indefectíveis embriões, num negócio que acabou por confirmar aquilo que desde o início da época todos suspeitávamos mas não queríamos acreditar.


É compreensível, a meu ver, que um clube com o posicionamento do Benfica se veja obrigado a vender alguns dos seus mais valiosos activos, no fim de cada ano, de forma a equilibrar a tesouraria. Acontece repetidamente com os três grandes de Portugal. Sobretudo quando o passivo acumulado ao longo de décadas de má gestão não permite margem de manobra e, a escassez de recursos, grandes investidas no mercado.

Não se compreende, contudo, como é que o clube deita fora os milhões de euros investidos no Caixa Futebol Campus e rasga o paradigma inicial que lhe estava subjacente: formar jogadores para alimentar a primeira equipa, a qual deveria apenas ser retocada com uma minoria de jogadores “não da casa”, os tais craques, mais experientes mas também mais caros.

No início desta época, as maiores promessas desportivas do Seixal (Bernardo Silva, Cancelo, Cavaleiro, entre outros) foram emprestadas, com opção de compra por parte dos clubes de destino, no valor de 15 M€. E, face às exibições realizadas, para nós, adeptos, era certo que O Bernardo já não voltava. Pelo menos o Bernardo...


Perante este golpe, choca fundo o facto de LFV nunca ter tido a coragem de confrontar os adeptos com a situação actual e real da academia: o mercado evoluiu e face à economia real o Benfica começa a nem sequer ter possibilidade de segurar as suas pérolas da formação. A não ter ou a não querer, é uma questão que permanece sem resposta, por enquanto.

Como Benfiquista, exijo do meu Presidente a verdade, seja de fácil ou difícil digestão. E relativamente a este assunto, tal não se tem verificado. Vieira vai atirando a bola para a frente, escusando-se a revelar os moldes dos negócios em causa, se os jogadores são ou não aposta, etc.  

Olhe que os sócios e adeptos não caem nessa Presidente, já lá vai o tempo.

É preciso formar uma matriz cultural de clube, imutável, que apenas se vá adaptando aos tempos sem ceder nos princípios.


Dito isto, desejo que a política de formação do Benfica se mantenha fiel ao rumo inicialmente traçado. Independentemente da nacionalidade do formando (tantas criticas injustas se ouvem a JJ) queremos é muita qualidade, entrega e compromisso. Preferimos mais Bernardos e menos Bebés, mais Cancelos e menos Djavans, mais A. Gomes e menos Fariñas!

Que este pesadelo da venda do Bernardo Silva tenha sido apenas um percalço no caminho e nunca o início da industrialização do Seixal.
               
Boa sorte, Bernardo! A Luz será sempre a tua casa e tu, um de nós.

 

Saudações Benfiquistas,

O Damião dos Damiões

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