Ponto
prévio: estou, como certamente estará a maioria dos benfiquistas, desiludido
com a recente venda de Bernardo Silva, ao Mónaco. O clube vê partir um dos seus
mais qualificados e indefectíveis embriões,
num negócio que acabou por confirmar aquilo que desde o início da época
todos suspeitávamos mas não queríamos acreditar.
É
compreensível, a meu ver, que um clube com o posicionamento do Benfica se veja
obrigado a vender alguns dos seus mais valiosos activos, no fim de cada ano, de
forma a equilibrar a tesouraria. Acontece repetidamente com os três grandes de
Portugal. Sobretudo quando o passivo acumulado ao longo de décadas de má gestão
não permite margem de manobra e, a escassez de recursos, grandes investidas no
mercado.
Não
se compreende, contudo, como é que o clube deita fora os milhões de euros
investidos no Caixa Futebol Campus e rasga o paradigma inicial que lhe estava
subjacente: formar jogadores para alimentar a primeira equipa, a qual deveria
apenas ser retocada com uma minoria de jogadores “não da casa”, os tais
craques, mais experientes mas também mais caros.
No
início desta época, as maiores promessas desportivas do Seixal (Bernardo Silva,
Cancelo, Cavaleiro, entre outros) foram emprestadas, com opção de compra por
parte dos clubes de destino, no valor de 15 M€. E, face às exibições
realizadas, para nós, adeptos, era certo que O Bernardo já não voltava. Pelo
menos o Bernardo...
Perante
este golpe, choca fundo o facto de LFV nunca ter tido a coragem de confrontar
os adeptos com a situação actual e real da academia: o mercado evoluiu e face à
economia real o Benfica começa a nem sequer ter possibilidade de segurar as
suas pérolas da formação. A não ter ou a não querer, é uma questão que
permanece sem resposta, por enquanto.
Como
Benfiquista, exijo do meu Presidente a verdade, seja de fácil ou difícil
digestão. E relativamente a este assunto, tal não se tem verificado. Vieira vai
atirando a bola para a frente, escusando-se a revelar os moldes dos negócios em
causa, se os jogadores são ou não aposta, etc.
Olhe
que os sócios e adeptos não caem nessa Presidente, já lá vai o tempo.
É
preciso formar uma matriz cultural de clube, imutável, que apenas se vá
adaptando aos tempos sem ceder nos princípios.
Dito
isto, desejo que a política de formação do Benfica se mantenha fiel ao rumo
inicialmente traçado. Independentemente da nacionalidade do formando (tantas
criticas injustas se ouvem a JJ) queremos é muita qualidade, entrega e
compromisso. Preferimos mais Bernardos e menos Bebés, mais Cancelos e menos
Djavans, mais A. Gomes e menos Fariñas!
Que
este pesadelo da venda do Bernardo Silva tenha sido apenas um percalço no
caminho e nunca o início da industrialização do Seixal.
Boa
sorte, Bernardo! A Luz será sempre a tua casa e tu, um de nós.
Saudações Benfiquistas,
O Damião dos Damiões
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