sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

O Bigode do Veloso - Ferrari Enzo

O novo ano iniciou com mais um assalto à garagem do Benfica. Desta feita foi o Valência, do todo poderoso Peter Lim – o mais recente magnata do futebol mundial -, que nos levou Enzo Pérez, o Ferrari da Luz.
Embora se assemelhe a outras concretizadas num passado recente, a saída de Enzo assume contornos distintos atentas as especiais características do jogador,  o seu peso no plantel e a empatia única que criou com o Terceiro Anel.

 Curiosamente, a história do craque argentino, na Luz, não começou com o pé direito, como o recente sucesso poderia deixar antever.

Contratado ao Estudiantes, em 2011, Enzo veio rotulado de extremo direito, posição na qual nunca se impôs. Pouco tempo após ter aterrado em Lisboa, o jogador sentiu dificuldades de adaptação e foi cedido por empréstimo novamente àquele clube, onde acabou por rodar toda a segunda metade da época.

Contudo, após a saída de Matic para o Chelsea FC, em 2012/2013, Jesus literalmente inventou um novo médio centro. Enzo foi o “Manel” que saiu da cartola do Mister. A partir desse momento a história é sobejamente reconhecida. Enzo tornou-se, em nossa opinião, o melhor  número 8 do Campeonato, extensão do treinador em campo e referência no balneário.

Para os adeptos,  Enzo Pérez incorpora a raça, crer e ambição, dando tradução ao brocardo popular “mais vale quebrar que torcer”. No coração arde-lhe a chama imensa, o que é visível e bem reconhecido pelo próprio. É daqueles jogadores de quem esperamos sangue, suor e lágrimas e  sabemos que vai sempre deixar a pele em campo. É um ídolo nas Bancadas e um patrão no relvado. É, sem dúvida, um all time favourite dos ultras.

Não obstante, o negócio hoje concretizado não podia deixar de sê-lo. Enzo tem 28 anos, prestes a alcançar 29, e 25M€ é uma quantia apelativa para um clube português. Para qualquer clube português. Económica e financeiramente este é um negócio excelente. Desportivamente só tempo o dirá. O tempo e Jorge Jesus, que já nos habituou a fazer autênticos milagres da multiplicação dos jogadores de futebol.

Intervenientes à parte, esta prática de vender os melhores jogadores aos maiores colossos europeus (noutra oportunidade discutir-se-á se desportiva se financeiramente) mostra-se perigosa para o equilíbrio e competitividade da modalidade. Presentemente, a esmagadora maioria dos clubes passa por enormes dificuldades e restrições financeiras, e até os grandes de Portugal têm de vender ano após ano as suas jóias, ficando desde logo impedidos de criar e sedimentar uma equipa sólida e ganhadora na Europa. A cultura de equipa e de Clube e a ligação e identificação dos jogadores com os adeptos e com a Comunidade necessita de tempo, e, a continuar assim, tempo é algo que hoje não existe.

Por fim, e para o que importa, Enzo será sempre um dos nossos. Quem consegue esquecer as sentidas lágrimas na fatídica final frente ao Chelsea FC? Mais do que as jogadas ou passes, são a atitude, a raça, a ambição, a vontade e a dedicação do nosso Ferrari que o fazem orgulhosamente lampião.

A família benfiquista chora a tua saída, mágico Enzo. E olha que só choramos por Deuses, como Eusébio, Coluna, Rui Costa e Aimar. A Luz será sempre a tua casa, onde vais ser sempre recebido da melhor forma. E se algum dia te vires perdido na tempestade, não temas, 6 milhões  estarão lá para te guiar e apoiar.

Obrigado, obrigado, obrigado. Já não se fazem Homens da tua fibra.
Até sempre, Ferrari Enzo.



Saudações Benfiquistas,
O Damião dos Damiões
           

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