quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Remate na Gaveta - "Grazie", De Franceschi!

Esta semana recordamos um jogador que marcou o nosso futebol, um italiano com um coração do tamanho do Mundo, um jogador que sentiu o peso e a responsabilidade de dar tudo dentro do campo pelos clubes por onde passou. Hoje eternizamos o enorme Ivone De Franceschi!

Impossível não ficar rendido à história de De Franceschi, ao seu percurso no futebol, à forma como superou todos os momentos menos bons na sua carreira, tornando-se num verdadeiro campeão, em todos os sentidos!

De Franceschi nasceu em Pádova, em 1974 e foi no clube da sua cidade natal que começou a crescer como futebolista e como homem, nas camadas jovens. Aos 18 anos participou no Torneio do Viareggio, o mais importante em Itália a nível juvenil e foi considerado o melhor jogador da competição. As portas do AC Milan tinham-se aberto mas uma rotura nos tendões do joelho deitou tudo por terra, obrigando-o a recomeçar do zero… nada que ele não fosse capaz!

Iniciou-se no futebol sénior ao serviço do seu Pádova Calcio, onde sempre procurou corresponder às enormes expetativas que sobre ele tinham sido criadas. O clube tinha lançado nomes como Del Piero e Angelo Di Livio (tinham saído para a Serie A e logo para a promissora Juventus, em 93) e suspirava por um novo génio, por alguém que puxasse pela equipa, que a conseguisse levar aos grandes palcos italianos. De Franceschi não se impôs como esperavam e, depois de ganhar experiência em clubes de menor dimensão, como o Sandona e o Rimini decidiu tentar a sua sorte na Serie A, ao serviço do Venezia, em 98. Infelizmente, a sua época de estreia não correu como esperava, as lesões voltaram a aparecer, e foi então que Giuseppe Materazzi, ainda treinador do Sporting CP, o aconselhou ao clube de Alvalade!

Foi o início de uma época de sonho! Para ele, para todos os sportinguistas, para todos aqueles que amam o futebol!

O Sporting CP não era campeão há 18 anos e De Franceschi, com 25 anos, era um “desconhecido” para os portugueses, o que por um lado até era bom para ele, deixava de ter sobre ele a pressão com que tinha vivido nos anos anteriores. Já sob as ordens de Augusto Inácio, vestiu pela primeira vez a camisola verde e branca e logo em Alvalade, frente ao Boavista FC, na 6ª jornada do campeonato, onde teve papel importante na vitória por 2:0. Nunca mais saiu do 11 do Sporting CP, fez 25 jogos, 3 golos, muitas assistências e a delícia dos adeptos, que desde o início o idolatraram! O camisola 25 sentiu-se em casa, o seu nome e a bandeira italiana na bancada foram de tal forma importantes para a sua motivação e afirmação que não teve problemas em afirmar que “marcar um golo e festejar para a “curva” (claque leonina) pode ser comparado a fazer amor com uma bela mulher”!


Foi um dos intocáveis da equipa que se viria a sagrar campeã nacional e finalista da Taça de Portugal, o amor com que sentia a camisola era inabalável, fator determinante para encontrarmos os verdadeiros campeões. De Franceschi era assim, enchia o campo com a sua raça (um pouco ao estilo de Capel), leitura tática, assistências perfeitas, cruzamentos milimétricos e com o seu… amor ao clube!                

Infelizmente para ele (e também para o Sporting), o Venezia não chegou a um entendimento com o clube leonino quanto ao valor a pagar pela sua transferência definitiva, o que motivou o seu regresso ao campeonato italiano, mais propriamente a clubes como Salernitana, Chievo e Bari, sem nunca se conseguir afirmar da mesma forma como o tinha feito em Alvalade. Em 2005, já com 31 anos, decidiu voltar ao clube do seu coração, o Pádova Calcio, que militava na 3ª divisão italiana, tentando ajudá-lo a recuperar a notoriedade de outrora.

Foi então que, em 2007, De Franceschi foi obrigado a abandonar a sua carreira, devido a um grave problema cardíaco, que lhe poderia provocar um enfarte ou AVC a qualquer momento. O seu coração traiu-o, mas ele não traiu o seu coração: terminou a carreira com a braçadeira de capitão no clube que o viu nascer, tornando-se num ídolo para os mais jovens!

Em 2010, sempre fiel aos seus sentimentos, De Franceschi regressou a Portugal e perante um Estádio de Alvalade completamente cheio afirmou: “Nunca na carreira me senti um campeão. Aqui em Portugal, toda a gente me fez sentir um campeão”!

Porque o futebol não vive sem paixão, aqui vos deixo as imagens e palavras de De Franceschi em 2010 ao Sporting, garanto-vos que cada segundo dos vídeos valerá a pena.





Grazie tante De Franceschi. Rimarrai sempre nei nostri cuori.

Uma vez amado, para sempre recordado!


A memória do João


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