
Nascido em Fortaleza em 1973, foi no Vasco da Gama que Jardel cresceu até ao seu 1,88m e começou a dar nas vistas. A sua prestação no Vasco fê-lo merecer a chamada à seleção brasileira de sub-21, tendo conquistado o mundial da categoria, na Austrália, no ano de 1993! Os seus golos de cabeça começavam a ficar famosos e despertaram o interesse do Grémio que, primeiro por empréstimo e mais tarde a título definitivo, o contratou em 1995. Foi então ao serviço do clube de Porto Alegre que Jardel conheceu Luiz Felipe Scolari. Felipão, qual alfaiate, desenhou o modelo de jogo que pretendia para a equipa e costurou-o mesmo à medida de Jardel. Com o apoio de um avançado veloz (Paulo Nunes) e a colaboração dos cruzamentos de Roger e do paraguaio Francisco Arce não foram precisas muitas provas, o resultado estava à vista de todos: golos, golos e golos! Jardel desfilava com classe nos palcos brasileiros, já demasiado pequenos para a grandeza do seu futebol.
O salto para a Europa era inevitável e o FC Porto antecipou-se aos outros interessados no concurso do jogador brasileiro. Foi em Portugal que Jardel viveu os melhores anos da sua carreira!
Inspirado pela mascote da Nintendo, Super Mário copiava-lhe a habilidade de saltar e esmagar os seus inimigos com o seu poder de fogo! Os golos, esses apareciam que nem cogumelos… Eram da esquerda, da direita, do centro, dentro e fora da área, de cabeça, pé esquerdo, pé direito, de letra, de calcanhar, foram muitos! Mas era o perfeito e preciso golpe de cabeça que o distinguia dos demais avançados, era único, como ele não havia nem há ninguém! Era impressionante a técnica que o brasileiro utilizava, com uma precisão notável, apenas ao alcance dos grandes goleadores… e Mário Jardel era isso mesmo, um verdadeiro goleador!
Foi ao serviço do FC Porto que bateu o record de permanência num clube, esteve 4 anos. De 1996 a 2000, Jardel foi consecutivamente o melhor marcador da liga portuguesa (Bola de Prata) e, na temporada de 98/99, foi mesmo o melhor marcador da Europa (Bota de Ouro)! Certamente ainda estará na memória dos adeptos portistas muitos dos 130 golos (em 125 jogos!) que marcou ao serviço dos azuis e brancos. No top dos mais recordados estarão, certamente os 2 golos que marcou na vitória por 2:3 frente ao AC Milan, em 96/97, para a fase de grupos da Champions League (depois de saltar do banco aos 62m), deixando Rossi e todos os milaneses pregados ao chão. Destaque também para o tiraço de primeira com o pé esquerdo, fora da área, frente ao Farense (eleito pelo próprio como um dos melhores da sua carreira) e para o excelente remate dentro da área frente ao SL Benfica, depois de receber a bola de peito nas costas da defensiva encarnada.
Drulovic, Sérgio Conceição, Capucho ou Zahovic sabiam perfeitamente o que fazer, cruzar para Super Mário, o resto ele tratava! O sérvio foi mesmo peça fulcral no esquema de jogo dos portistas, tamanha era a precisão com que assistia o brasileiro para golo.
Jardel era sinónimo de golos e os turcos do Galatasaray, depois de conquistada a Taça UEFA de 2000 (eliminando nas meias-finais o Leeds United e na final o Arsenal) decidiram contratar o camisola 16 portista! Ao serviço do clube de Istambul, Jardel apontou 24 golos (em 22 jogos), mas as suas lesões e a sua conduta fora do campo foram determinantes para o seu regresso ao futebol português, desta feita para o Sporting, em 2001.
E se no FC Porto destacou-se pelos golos, em Alvalade vimos mais do mesmo! E mais ainda… Jardel, na sua época de estreia pelo Sporting marcou 42 golos, ganhando a Bota de Ouro pela segunda vez na sua carreira e ajudando os leoninos a conquistar o campeonato nacional em 2002, sob o comando de Boloni! Seria do Guaraná? Não, era pura classe do brasileiro! Foi de verde e branco que reencarnou o herói da Nintendo, desta feita com João Pinto no papel de Yoshi, no resgate do título de campeão nacional, que tinha fugido para o Boavistão de Jaime Pacheco na temporada anterior.
Foi mais uma época dourada na sua carreira, destacada pela quantidade e qualidade dos seus golos. Quem não se recorda da chapelada que marcou ao Paços de Ferreira, depois de deixar para trás o defesa pacense com um simples toque de peito? Simplesmente genial, para ver e rever!
Estes foram os períodos dourados da carreira de Mário Jardel. Os problemas familiares que o assolaram (a tão badalada separação de Karen e o falecimento da sua mãe), as más companhias (que o levaram ao consumo de drogas) e a frustração de nunca ter sido contratado por um grande clube europeu, nem nunca ter sido presença assídua na seleção brasileira, ditaram o seu declínio como jogador. A partir desse momento, Jardel rodou por inúmeros clubes, entre os quais o Beira-Mar, sem nunca ter conseguido voltar a apresentar a performance que nos tinha habituado. Foram 22 clubes em 22 anos de carreira, tendo-se retirado em 2011.
Jardel será sempre uma referência para todos os avançados e para todos nós, que amamos o futebol. Os números não mentem, Super Mário era um animal dentro de área, era o seu habitat natural, era lá que mostrava todo o seu instinto predador, marcando muitos e muitos golos.
Eternamente gratos por tudo o que fizeste pelo futebol português!
Super Mário, uma vez amado, para sempre recordado!
A memória do João
O “Um Remate Certeiro” deseja-vos a todos um Feliz Natal!
Sem comentários :
Enviar um comentário