quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Remate na Gaveta - Super Mário

Não, não estamos a falar da mascote da Nintendo, do herói canalizador que certamente encheu os sapatinhos de muitas crianças no dia de hoje! Hoje falamos de outro herói, com algumas parecenças, que vestido de azul e branco e, mais tarde, de verde e branco, fez as maravilhas dos adeptos do futebol, daqueles que vão ao estádio para ver golos. De um jogador que, nas 6 temporadas que jogou ao serviço de FC Porto e Sporting, foi o melhor marcador em 5! Falamos do Super… Mário Jardel!

Nascido em Fortaleza em 1973, foi no Vasco da Gama que Jardel cresceu até ao seu 1,88m e começou a dar nas vistas. A sua prestação no Vasco fê-lo merecer a chamada à seleção brasileira de sub-21, tendo conquistado o mundial da categoria, na Austrália, no ano de 1993! Os seus golos de cabeça começavam a ficar famosos e despertaram o interesse do Grémio que, primeiro por empréstimo e mais tarde a título definitivo, o contratou em 1995. Foi então ao serviço do clube de Porto Alegre que Jardel conheceu Luiz Felipe Scolari. Felipão, qual alfaiate, desenhou o modelo de jogo que pretendia para a equipa e costurou-o mesmo à medida de Jardel. Com o apoio de um avançado veloz (Paulo Nunes) e a colaboração dos cruzamentos de Roger e do paraguaio Francisco Arce não foram precisas muitas provas, o resultado estava à vista de todos: golos, golos e golos! Jardel desfilava com classe nos palcos brasileiros, já demasiado pequenos para a grandeza do seu futebol.

O salto para a Europa era inevitável e o FC Porto antecipou-se aos outros interessados no concurso do jogador brasileiro. Foi em Portugal que Jardel viveu os melhores anos da sua carreira!

Inspirado pela mascote da Nintendo, Super Mário copiava-lhe a habilidade de saltar e esmagar os seus inimigos com o seu poder de fogo! Os golos, esses apareciam que nem cogumelos… Eram da esquerda, da direita, do centro, dentro e fora da área, de cabeça, pé esquerdo, pé direito, de letra, de calcanhar, foram muitos! Mas era o perfeito e preciso golpe de cabeça que o distinguia dos demais avançados, era único, como ele não havia nem há ninguém! Era impressionante a técnica que o brasileiro utilizava, com uma precisão notável, apenas ao alcance dos grandes goleadores… e Mário Jardel era isso mesmo, um verdadeiro goleador!




Foi ao serviço do FC Porto que bateu o record de permanência num clube, esteve 4 anos. De 1996 a 2000, Jardel foi consecutivamente o melhor marcador da liga portuguesa (Bola de Prata) e, na temporada de 98/99, foi mesmo o melhor marcador da Europa (Bota de Ouro)! Certamente ainda estará na memória dos adeptos portistas muitos dos 130 golos (em 125 jogos!) que marcou ao serviço dos azuis e brancos. No top dos mais recordados estarão, certamente os 2 golos que marcou na vitória por 2:3 frente ao AC Milan, em 96/97, para a fase de grupos da Champions League (depois de saltar do banco aos 62m), deixando Rossi e todos os milaneses pregados ao chão. Destaque também para o tiraço de primeira com o pé esquerdo, fora da área, frente ao Farense (eleito pelo próprio como um dos melhores da sua carreira) e para o excelente remate dentro da área frente ao SL Benfica, depois de receber a bola de peito nas costas da defensiva encarnada.


Drulovic, Sérgio Conceição, Capucho ou Zahovic sabiam perfeitamente o que fazer, cruzar para Super Mário, o resto ele tratava! O sérvio foi mesmo peça fulcral no esquema de jogo dos portistas, tamanha era a precisão com que assistia o brasileiro para golo.

Jardel era sinónimo de golos e os turcos do Galatasaray, depois de conquistada a Taça UEFA de 2000 (eliminando nas meias-finais o Leeds United e na final o Arsenal) decidiram contratar o camisola 16 portista! Ao serviço do clube de Istambul, Jardel apontou 24 golos (em 22 jogos), mas as suas lesões e a sua conduta fora do campo foram determinantes para o seu regresso ao futebol português, desta feita para o Sporting, em 2001.



E se no FC Porto destacou-se pelos golos, em Alvalade vimos mais do mesmo! E mais ainda… Jardel, na sua época de estreia pelo Sporting marcou 42 golos, ganhando a Bota de Ouro pela segunda vez na sua carreira e ajudando os leoninos a conquistar o campeonato nacional em 2002, sob o comando de Boloni! Seria do Guaraná? Não, era pura classe do brasileiro! Foi de verde e branco que reencarnou o herói da Nintendo, desta feita com João Pinto no papel de Yoshi, no resgate do título de campeão nacional, que tinha fugido para o Boavistão de Jaime Pacheco na temporada anterior.



Foi mais uma época dourada na sua carreira, destacada pela quantidade e qualidade dos seus golos. Quem não se recorda da chapelada que marcou ao Paços de Ferreira, depois de deixar para trás o defesa pacense com um simples toque de peito? Simplesmente genial, para ver e rever!



Estes foram os períodos dourados da carreira de Mário Jardel. Os problemas familiares que o assolaram (a tão badalada separação de Karen e o falecimento da sua mãe), as más companhias (que o levaram ao consumo de drogas) e a frustração de nunca ter sido contratado por um grande clube europeu, nem nunca ter sido presença assídua na seleção brasileira, ditaram o seu declínio como jogador. A partir desse momento, Jardel rodou por inúmeros clubes, entre os quais o Beira-Mar, sem nunca ter conseguido voltar a apresentar a performance que nos tinha habituado. Foram 22 clubes em 22 anos de carreira, tendo-se retirado em 2011.

Jardel será sempre uma referência para todos os avançados e para todos nós, que amamos o futebol. Os números não mentem, Super Mário era um animal dentro de área, era o seu habitat natural, era lá que mostrava todo o seu instinto predador, marcando muitos e muitos golos.

Eternamente gratos por tudo o que fizeste pelo futebol português!

Super Mário, uma vez amado, para sempre recordado!


A memória do João

O “Um Remate Certeiro” deseja-vos a todos um Feliz Natal!




Sem comentários :

Enviar um comentário