Helena Moniz
é uma estudante mas, acima de tudo, uma estudante de futebol. A adepta do SL
Benfica não sabe dizer quando esta paixão começou mas tem a certeza que é
verdadeira. Defendendo que “o
futebol é de todos”, que “este não se restringe ao homem ou à mulher” e que “para poder amá-lo [o futebol] como eu o
amo” devemos, não só gostar, mas entendê-lo e perceber o porquê de mover
milhares de pessoas.
Continuação (Ver Parte I)
Z:
E em termos de qualidade de jogo, tem alguma equipa que considere a melhor do
mundo?
H: Apesar de adorar as equipas inglesas, quando se
fala em qualidade jogo só me ocorre uma: o Bayern de Munique.
Além do grande plantel que ajuda
em tudo, o espírito deles e a qualidade coletiva fazem deles uma grande
potência futebolística e, para mim, a melhor do mundo neste momento. Já deram
provas que conseguem bater qualquer grande equipa do mundo e não é à toa que a
seleção alemã foi campeão mundial, porque a mentalidade deles é muito à Bayern
de Munique.
Disciplina, rigor, frieza e
qualidade é o que caracteriza o jogo deles. Eles adaptam-se a qualquer
atmosfera e conseguem ser quase invencíveis em todo o lado. Eu até costumo dizer que, quem goste
verdadeiramente de futebol, não pode odiar o Bayern, a não ser que seja do
Dortmund, claro.
Z: E,
finalmente, qual é o melhor jogador do mundo?
H:
O melhor do mundo? CR7! Posso
estar a ser tendenciosa, mas não me lembro de ver jogador com um “pacote”
completo como o dele. Seja em que idade for, ele melhora cada vez mais e não
quebra. O Messi é um grande jogador, mas para mim será o Ronaldo o top dos
tops. Em qualquer equipa que tenha jogado brilhou e levou-as a grandes títulos.
Os troféus coletivos, botas de ouro e melhor jogador em campo já nem cabem em
casa, por isso é que ele fez um museu. A personagem dele é incrível. O estilo
dele em campo e os dribles que ele faz são indescritíveis. E, acima de qualquer
estatística, respeita qualquer rival dentro e fora de campo.
Z:
Você acha que a qualidade da equipa alemã é muito por causa do investimento
feito nas categorias de base?
H: Sim, claro! Todo o jogador alemão é ensinado
que tem de ser o melhor quando entra em campo, mesmo que não seja, tem de
pensar que é e não se enganem que isto é pensamento de estrelas, porque não é.
Como todos têm a mesma mentalidade e cultura futebolística são rigorosos e
adaptam-se à equipa em questão com um objetivo: ganhar. Verdade é que resulta.
Z:
Quando começámos esta entrevista, você afirmou que o futebol tem coisas boas e más.
Pode explicar o que são estas coisas boas e más do futebol?
H: As boas são as emoções que nos desperta, o espírito de fair play e a constante luta contra o
racismo. Coisas más? O fanatismo exacerbado e a obsessão que, por vezes, os
torna violentos.
Os Hooligans ingleses, por
exemplo, é um sentimento agridoce. É linda a maneira como eles se dedicam ao
clube, todos os cânticos e coreografias que mudam o estilo de vida deles, mas
esse fanatismo leva a rixas que, para além de distorcer os valores do desporto
e do futebol, pode levar à morte, como já aconteceu por inúmeras vezes.
Z: De que forma acredita que o futebol pode
agir de maneira concreta sobre o mundo e as pessoas?
H: O futebol é visto por milhões de pessoas em todo o mundo e os
jogadores são modelos a seguir para tantas pessoas e por tantas crianças que o
que fazem dentro de campo torna-se global. Por isso, a UEFA, por exemplo, faz
constantes campanhas contra o racismo e a xenofobia com os maiores jogadores do
mundo como cara da campanha, porque realmente essa campanha é necessária.
Se o futebol tem poder para
propagar valores de respeito mútuo e de cidadania, então deve ser utilizado da
melhor maneira.
Z: Numa das entrevistas no “Remate da Z”,
um adepto afirmou que acredita na ideia de que o futebol só tem este poder hoje
por causa de sua mediatização. Acredita nesta teoria?
H: Sim! Os media tornaram
as personalidades do futebol em celebridades e fizeram com que o futebol fosse
explorado de tal maneira que está acima, principalmente na Europa, de todas as
outras modalidades. Não é por acaso que os clubes, os jogadores e outras
personalidades como as "wags" (esposas de jogadores) ganham dinheiro
só com a sua imagem, porque a mediatização vale milhões.
Z: Isto pode prejudicar o futebol como
desporto?
H: Pode prejudicar a maneira como os jogadores se
apresentam em campo. Estão com o constante medo, porque sabem que serão
julgados por qualquer ato. O desporto não deveria ter essa pressão exterior, a
única pressão que deveria existir era a competição e deveria ser saudável, mas
todos nós sabemos que os media além
de distorcerem essa competição por criarem "grande rivais", como o
caso do Ronaldo vs Messi, mexem com o psicológico do jogador que, ou têm uma
mentalidade muito forte, ou se deixam levar por isso, como o caso do Balotelli
e do Ronaldo Fenómeno.
Z: Já que falamos sobre a Copa do Mundo, o
que acha que faltou ou falta para a seleção portuguesa crescer e vir a avançar
na próxima edição da competição?
H: Falta investir nas nossas escolinhas e criar uma mentalidade de
vencedor, primeiramente. Na nossa seleção podia-se investir em jovens promessas
que jogam por esse mundo fora que só estão à espera do momento certo, criando
assim um ambiente de oportunidade de querer vencer para vingar no mundo do
futebol. O outro problema que eu achava que existia, penso que já está resolvido,
que era um treinador com pulso forte que não fosse afetado nem com lamúrias,
birras ou faltas de respeito dos jogadores e penso que o Fernando Santos é
indicado para criar um bloco coletivo, porque qualidade não nos falta.
Podíamos pegar no exemplo da
seleção Belga que não era nada e agora é tudo, porque investiu nas camadas jovens.
Temos de ter vontade de vencer e não estar à espera que o melhor do mundo faça
tudo, porque a mentalidade passa gerações e os jogadores retiram-se. Podemos
pegar na vontade de vencer e disciplina alemã para ver se levamos o futebol
português a um patamar mais elevado.
Z: Tem alguma história ligada ao futebol
que a faça sempre lembrar o gosto que tem por este desporto?
H: História não, mas tenho recordações de ir ao estádio desde pequenina
com a minha mãe e de a ver tão feliz que fez do futebol uma coisa boa e talvez
isso tenha sido fundamental para eu ter esta paixão.
Obrigada, Helena!
Continuação de Boas Festas a todos os nossos leitores!
Ana Zayara Michelli
Sem comentários :
Enviar um comentário