
Palco: Anfield Road
Competição: Champions League, segunda-mão dos
oitavos-de-final
Jogo: Liverpool FC 0:2 SL Benfica
Liverpool recebia a segunda-mão dos
oitavos-de-final, num jogo em que o SL Benfica trazia uma vantagem escassa, mas
importante, do confronto de Lisboa, graças ao tento do, já na altura, grande
Luisão! A noite era de espetáculo e a cidade “escolhida” não poderia ser melhor,
os grandes êxitos dos Beatles transformavam Anfield Road no palco perfeito para
os portugueses poderem brilhar. As estatísticas eram enfadonhas, mas esperava-se
que o SL Benfica as pudesse contrariar.

Ronald Koeman era o “encenador” de toda uma
orquestra encarnada, cujas tarefas defensivas estavam entregues ao palanque dos
brasileiros Moretto, Alcides, Luisão, Anderson, Léo e Beto e as tarefas
ofensivas a cargo de músicos com a qualidade de Manuel Fernandes, Karagounis,
Geovanni, Nuno Gomes e Miccoli. A batuta… essa estava muito bem entregue, ao
capitão Simão Sabrosa!
E o espetáculo começou! Como seria de esperar os “reds”
ingleses entraram por cima no jogo, afinal tinham de recuperar da desvantagem
da primeira-mão e o empate servia aos interesses benfiquistas. Peter Crouch e
Morientes eram setas apontadas à baliza encarnada, sempre municiados pelos
talentosos Steven Gerrard, Xabi Alonso, Luis García e Harry Kewell. No entanto,
depois de aguentar a pressão inicial de atuar num palco de tamanho gabarito, rapidamente
os portugueses se desinibiram e trataram de explorar os espaços que lhes
estavam a ser concedidos pela defesa do Liverpool FC!
E, pouco depois da meia hora, surgiu um dos
grandes momentos da noite, o golo de Simão Sabrosa!
Depois de uma enorme pressão dos atacantes
benfiquistas, a bola sobrou para Nuno Gomes, que assistiu de imediato Simão! O
camisola 20 bailou perante a defesa inglesa e, depois de arranjar espaço para o
remate, atirou a contar para o fundo da baliza de Reina! Um golaço que teve o
dom de gelar um ambiente infernal, o SL Benfica estava por cima no jogo e na
eliminatória levava já 2 golos de vantagem!
O “álbum encarnado” continuava a ser gravado,
agora com a contribuição dos adeptos ingleses, que continuavam a puxar pela sua
equipa ao som de “You will never walk alone”. No entanto o “banho de bola” que os
apoiantes de Gerrard & Companhia queriam ver não passava de uns “chuveirinhos”
e de uns remates de longa distância, sem nunca sujar o registo defensivo dos
portugueses, que continuava limpinho!
Eis chegados ao minuto 89! O Liverpool FC
continuava desesperado na busca de um golo que ainda desse alguma réstia de esperança
e esqueceu-se completamente de quem tinha entrado na partida dez minutos antes:
Fabrizio Miccoli! Contra-ataque rapidíssimo do SL Benfica, aproveitando o
completo desacerto posicional dos defesas ingleses, cruzamento para a zona do
penalty e, depois de falhado o remate de primeira, Miccoli decide fechar o “álbum”
com um autêntico hino ao futebol, tirando da cartola uma acrobacia digna de um
espetáculo circense! Estava fechada a eliminatória e com chave de ouro!
Foram momentos arrepiantes, os “sortudos” adeptos
benfiquistas presentes em Anfield saltaram de alegria, de raiva, de prazer, de
orgulho ao verem cair o campeão europeu aos seus pés, ainda por cima em Terras de Sua Majestade! Todos aplaudiam de pé o recital que os
encarnados acabavam de dar, as ovações eram mais que merecidas. Era música para
os ouvidos portugueses aquilo que a banda do maestro Simão tinha acabado de
fazer, certamente figuraria nos hits das
prestações de equipas portuguesas na Europa por um longo período de tempo!
Infelizmente para as hostes encarnadas, nos
quartos-de-final calhou em sorte o FC Barcelona de Deco e Ronaldinho, que
acabaria por se sagrar campeão europeu nesse ano, apesar das enormes
dificuldades que sentiu para superar a equipa de Koeman. No entanto, nada disso
manchou a excelente campanha que o SL Benfica tinha acabado de fazer na Europa!
Ainda hoje é ouvida esta coletânea, que nunca
passará de moda, é intemporal! E não tenho dúvidas que fará sempre o género de
qualquer adepto benfiquista, adepto português. Afinal de contas…
A memória do João
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